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Lesboa Party celebra segundo aniversário

Voltada para o público LGBT, a Lesboa Party é hoje uma das label parties mais importantes da Europa. Idealizada e produzida por uma paulista, a festa chega a receber 1.400 pessoas, número considerável já que Portugal tem cerca de metade da população de São Paulo.

A festa, que já recebeu as meninas do Samba de Rainha para sua edição especial de carnaval, comemora seu segundo aniversário em outubro com promessa de muita diversão madrugada adentro no belíssimo Pavilhão de Exposições – Tapada da Ajuda.

Entrevistamos Vanessa Cotrim, que conta um pouco sobre como o projeto começou e o que a edição de aniversário promete. Confira.

Dykerama – Como surgiu a idéia da festa?
Vanessa – A idéia surgiu em meados de julho de 2006. Sou de São Paulo e, quando cheguei a Lisboa, comecei a sair à noite e senti que a cidade, ao contrário do que acontece em outras capitais europeias, e até mesmo no Brasil, não tinha muita oferta voltada para a população GLS. Existia um circuito, é verdade, mas muito limitado, um pouco fechado e maioritariamente voltado para o público gay, onde as lésbicas eram bem-vindas.

Falando, ao telefone, com uma amiga do Porto, surgiu uma ideia “maluca”: fazer uma festa LGBT de grandes dimensões, intitulada The L Word Party, em alusão à série de TV. Sendo produtora, comecei a tratar de tudo, inclusive da contratação da convidada especial: a atriz Sarah Shahi (a Carmen, da série The L Word). A três semanas do evento, a Sarah aceitou fazer um filme, cujas filmagens coincidiam com a data da festa, e o manager dela me ligou, dizendo que, afinal, seria impossível a vinda dela a Lisboa. O que fazer?

Tínhamos tudo pronto, espaço alugado etc. Faltava só mandar os cartazes para a gráfica . Decidimos seguir em frente, alterando o nome da festa para Lesboa Party, e acabamos por introduzir em Portugal um novo conceito de festa e o primeiro evento periódico de diversão e integração da população LGBT.

Dykerama – O público lésbico é predominante? Vanessa – Logo na primeira edição, a 30 de setembro de 2006, percebemos, num misto de agrado e alguma surpresa, até porque não estávamos à espera de tamanha adesão, que o público lésbico era maioritário, massivo, representava mais de 80% da festa. Mulheres dos 16 aos 50 anos, com gostos e estilos variados. Além da divulgação (foi a primeira festa LGBT ampla e abertamente divulgada através de cartazes de rua, em Lisboa e no Porto), creio que o nome – Lesboa – contribuiu para essa afluência, a par do deserto de iniciativas para mulheres que existia na altura. Para uma festa-piloto, a Lesboa Party excedeu as nossas melhores expectativas. Estávamos à espera de, no máximo, 800 pessoas e apareceram 1.500, provando que fizemos a aposta certa, que valeu a pena arriscar e seguir em frente com a ideia “maluca” de criar algo inovador, nunca antes feito.

Dykerama – Qual a média do público das edições? Vanessa – A Lesboa Party tem uma média de 1.400 pessoas por edição, o que é incrível, se pensarmos que Portugal tem metade da população de São Paulo! A 3ª edição, Especial Carnaval, realizada em fevereiro de 2007, amplamente divulgada pela mídia, foi aquela que obteve maior adesão de público: 1.700 pessoas. A Lesboa Party tem um público fiel mas, não obstante, continua a captar novas audiências, nacionais e internacionais.

Dykerama – Quem decide o line-up?
Vanessa – Uma das razões pelas quais as pessoas vão a uma Lesboa Party é, também, pelo line up. Decidimos, com bastante antecedência, sempre em equipe, trocando sugestões e idéias, muitas delas enviadas, por e-mail, pelas pessoas que freqüentam o evento e colocadas por nós em cima da mesa. Procuramos atender aos gostos variados e às solicitações de um público que, embora maioritariamente lésbico, é bastante heterogêneo. Apostamos em nomes seguros da cena musical e em novas propostas musicais, oferecendo, assim, às pessoas a oportunidade de conhecer determinados artistas, de entrar em contato com coisas novas, projetos cuja qualidade vai, mais cedo ou mais tarde, dar que falar.

Dykerama – Pensam em convidar DJs brasileiras para participarem da festa?
Vanessa – O formato da Lesboa Party abre, desde a 2ª edição, com um concerto ou live act. Entre os artistas que já passaram pelo evento, tivemos duas bandas brasileiras, de São Paulo: as meninas do Samba de Rainha, na última edição de carnaval, e o quarteto Trash Pour 4 (TP4), na edição do passado mês de maio. O Brasil tem grandes DJs mulheres (Kammy, Mara Bruiser, K-Milla, DJ Lucca, Sister Bliss, Gayle San). Mas suspeito que o primeiro DJ brasileiro a tocar na Lesboa Party seja um homem: o DJ Rafael Calvente. Para breve!

Dykerama – Quais as novidades para a próxima edição?
Vanessa – Esta 9ª edição é de aniversário. A Lesboa Party comemora dois anos. Vamos celebrá-los com uma edição Best Of, realizada no dia 3 de outubro, a partir das 23h30, em Lisboa, num palácio magnífico, o local preferido pelo público da festa, ao som das melhores DJs que já passaram pelo evento: R. Kraft (warm up), Mariana Couto, Rita Zukt e Tânia Pascoal – a DJ que foi cabeça de cartaz e tocou na primeira edição. Em tempo de aniversário, olhamos para o que foi feito, como foi feito, os bons resultados, mas também o que há a fazer. Pretendemos dar sempre mais e melhor e fazer hoje melhor do que já fizemos ontem.

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