Alexander Mello (foto), o diretor e curador do projeto "Rio Festival Gay de Cinema", que ocorre entre os dias 3 e 13 de julho no Rio de Janeiro, disse que há uma significativa mudança na visão do grupo de espectadores e cineastas sobre a "cultura gay". De acordo com ele, a maioria das 103 produções que serão exibidas no festival é brasileira e passa pela primeira vez a abordar a transexualidade como foco.
"[As produções] trazem novas mensagem sobre a transexualidade. É positiva a mudança de foco, porque a própria comunidade LGBT não está muito por dentro do assunto. Aliás, LGBT é uma sigla falha, porque trabalha dentro do universo da sexualidade, e não do gênero. São coisas diferentes. Os trans podem ser heterossexuais, por exemplo", afirmou ao jornal O Globo desta quinta-feira (3).
De acordo com Alexander, os realizadores tiveram a sensibilidade de perceber que o assunto é o que a comunidade está interessada atualmente. "Claro que questões como família, casamento igualitário e aceitação continuam abordadas, mas o que está em alta na ficção é outra coisa. Estamos passando por mudanças na sociedade que refletem no cinema".
O idealizador declarou ainda que filmes LGBTs enfrentam resistência no circuito comercial, mas que "os distribuidores estão de olho, já que estão interessados em bilheteria". "O público que gosta do assunto é grande. O festival, cada vez mais frequentado também por heterossexuais, é uma prova".
Vale ressaltar que o festival exibirá filmes de 24 países – dentre eles, Out in the line Up (foto), que fala sobre tabu e sexualidade no surfe, com a presença do diretor Ian Thomson – e terá um Seminário sobre "sexualidade, gênero e performance", no Museu de Arte do Rio, que reúne ativistas ligados à causa LGBT. Os filmes serão exibidos nos cinemas Caixa Cultural, no Centro Cultural Justiça Federal, Instituto Cervantes, Arena Jovelina Pérola Negra, Arena Dicró e no MAR – Museu de Arte do Rio.
Diretor do filme 'Out in the line Up' estará no Rio para o debate
