in

Livro conta histórias de travestis. Confira entrevista com um dos autores

Será lançado na próxima quarta-feira (19) o livro "Travestis, muito além das ruas", que, como o título sugere, mostra a vida de algumas travestis fora das ruas. O lançamento acontecerá no Shopping Pátio Paulista, em São Paulo.

Felipe Moreira, um dos autores do livro, concedeu uma entrevista exclusiva contando como foi escrever essas histórias, que, mesmo antes do lançamento oficial, já foram premiadas pela Associação da Parada como o “Melhor livro de temática GLBT”.

Natural de Descalvado, interior de São Paulo, Felipe mudou-se para capital da cidade aos 17 anos com um objetivo claro em sua mente: ajudar os LGBTs que não tiveram o mesmo amparo familiar que ele. 
Felipe chegou a morar fora do país e hoje trabalha como diretor artístico da Parada Gay de São Paulo. Confira a entrevista:
Redação: Por que você se mudou para São Paulo?
 
Felipe: Me mudei em 2002, com 17 anos, para buscar formas de auxiliar outras pessoas que não tiveram o mesmo apoio familiar e oportunidades que eu tive. Na época, a parada de São Paulo não tinha um grupo de jovens formado. Criei uma secretaria de jovens que buscava debater temas específicos e auxiliar jovens que eram expulsos de casa ou sofriam alguma violência por serem homossexuais
 
Redação: Você é  formado em jornalismo? Por que escolheu essa formação?
 
Felipe: Depois que eu me mudei para São Paulo comecei a buscar formas alternativas de militância. Eu queria tornar um trabalho de formiguinha em algo que alcançasse o maior número de pessoas possível e a formação jornalística foi a resposta para essa busca.
 
Redação: Como surgiu a ideia e o interesse pelo tema para escrever esse livro?
 
Felipe: A ideia do livro era servir de referência para outras pessoas entenderem o tema, dividir histórias de vida incríveis e servir de apoio à luta contra o preconceito. Afinal, preconceito se vence com educação e informação. Começamos a escrevê-lo em 2006.
 
Redação: Você divide a autoria do livro com mais quatro colegas. Como foi o processo de desenvolvimento do livro?
 
Felipe: Escrevemos juntos. Queríamos contar a batalha de muitas travestis que vivem na cidade de São Paulo. Elas são muito discriminadas. Sofrem todos os tipos de descriminação e estão mais expostas que as outras letras da sigla GLBT. 
Para nossa surpresa não havia outros livros a respeito do tema na época para servirem de referência. Isso só nos incentivou, um assunto tão importante estava esquecido, abandonado na sociedade atual.
 
Redação: As travestis, muitas vezes, são marginalizadas pelos próprios LGBTs. O que você acredita que possa mudar essa realidade?
 
Felipe: Acredito que isso seja consequência de uma sociedade intolerante e pouco informada. Não acredito que elas sejam especificamente excluídas pelas outras letras da sigla GLBT. O que acontece é que no geral nossa comunidade é desunida, o que favorece os extremistas religiosos. Acho que educação e informação resolvem o problema.
 
Redação: Tem alguma história, que no processo do livro tenha ficado de fora, mas vale a pena contar?
 
Felipe: Quando fechamos com uma editora e começamos a atualizar o livro, pensamos que a parte pior já tinha passado. Afinal, atualizar e colher autorizações para publicar o material deveria ser simples. Porém, em cinco anos, tudo mudou. Algumas morreram, outras mudaram e muitas das que encontramos não tinham firma aberta em cartório. Ainda é um constrangimento assinar documentos, abrir conta em banco com um nome masculino, sendo que elas têm uma identidade de gênero feminina.
Calculávamos que a atualização duraria três meses, mas levou dois anos
 
Serviço:
O que: Lançamento do livro “Travestis, muito além das ruas”
Quando: 19/03/2014 (quarta-feira)
Horário: Das 19 às 21 horas
Local: Saraiva Shopping Pátio Paulista – Rua Treze de Maio, 1947 Paraíso/ SP
 

Modelos transsexuais são pauta do americano New York Times

“Hoje sou hétero, mas amanhã posso mudar”, diz ex-BBB Rodrigo Lima