As bilús mais antenadas na cena underground do rock nacional muito provavelmente já ouviram falar de Rogério Skylab. As menos rockers talvez não saibam quem é este senhor, porém o que pouca gente sabe é que Skylab tem se aventurado pelo campo da poesia. Recentemente o músico lançou um livro de poesias intitulado “Debaixo das rodas de um automóvel” (Ed. Rocco, 167 páginas). O que passou despercebido, até agora, foi um certo teor homoerótico em alguns de seus poemas. Antes, é preciso explicar quem é Skylab. O artista carioca estudou Direito, Letras e é formado em pela Faculdade de Filosofia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Skylab é um dos mais excêntricos e autênticos músicos do rock. Dos sete álbuns que tem gravado, seis atendem pelo respectivo nome de Skylab I, II, III, IV, V e VI (a intenção do músico é lançar dez discos e vale ressaltar: todos foram lançados de maneira independente). Suas canções bem escatológicas podem chocar os ouvidos mais pudicos, como é o caso de “Fátima Bernardes Experiência”, em que o músico diz que Fátima Bernardes tem corrimento, entre outras coisas… A música “Matador de Passarinhos” também é hit. Skylab pode ser considerado bastante corajoso. Uma de suas músicas cujo vídeo pode ser facilmente encontrado no site Youtube se chama “Eu chupo meu pau”, a coragem do artista se dá justamente por “admitir” isso, ao contrário de muita gente que não admite nem que chupa o pau alheio… Sobre o teor homoerótico de seu livro: de aproximadamente 80 poemas, mais ou menos 11 subtextos têm conotação ou temática gay, mas aí vai depender também de seu ponto de vista. O ânus é olhado de forma poética no poema “Couve Flor”. Entre os poemas mais explicitamente gays estão “Fany Ardant” e “Sinfonia”. No primeiro, o poeta relata uma ida à casa de massagem na qual é atendido por um travesti que o questiona se ele é ativo ou passivo. Em Sinfonia, o som do bairro onde mora vira música para seus ouvidos enquanto ele está sozinho nu e excitado diante de outro homem. Até quem tem preguiça de ler, não gosta ou não entende muito de poesia deve gostar do livro. Os poemas em geral são bem curtinhos e muito interessantes… Além de excitantes.