Gloria Groove celebra Ludmilla como pioneira que abriu espaço seguro para LGBTs no pagode brasileiro
Em um resgate emocionante da história do pagode nos anos 1990, a drag queen Gloria Groove revela sua admiração pela cantora Ludmilla, apontando-a como um verdadeiro farol para a comunidade LGBTQIA+ dentro de um gênero musical tradicionalmente dominado por homens cisgêneros. A declaração foi feita em depoimento para o documentário “Anos 90 – a explosão do pagode”, produzido pela TV Globo e que será exibido na abertura do 17º In-Edit Brasil, no dia 11 de junho.
Gloria Groove ressalta que, naquela época, não existia um espaço seguro para pessoas LGBTQIA+ aproveitarem o pagode sem medo ou preconceito. “Nos anos 90 não tinha um espaço seguro para os LGBTQIAPN+ estarem curtindo um pagode numa boa. A gente sabe que é um meio controlado pelos homens, pelos bofes”, comenta a artista, evidenciando as barreiras enfrentadas pela diversidade no universo do pagode.
Ludmilla e a transformação do pagode
Ludmilla, que é casada com a dançarina Brunna Gonçalves e aguarda a chegada da primeira filha do casal, tem revolucionado o pagode com seu projeto Numanice. Com três volumes lançados, o projeto inclui shows e até cruzeiros temáticos, trazendo uma nova roupagem para o gênero. Para Gloria, a ascensão de Ludmilla no pagode simboliza uma virada inspiradora. “No Numanice eu vi o que eu achava ser impossível”, confessa.
Essa nova fase do pagode, com Ludmilla à frente, representa não apenas uma evolução musical, mas também uma conquista social, criando ambientes mais acolhedores e inclusivos para pessoas LGBTQIA+ e ampliando a representatividade dentro do universo do samba e do pagode.
Raízes e legado do pagode nos anos 90
O documentário dirigido por Emílio Domingos e Rafael Boucinha utiliza imagens de arquivo e depoimentos de grandes nomes do gênero, como Belo, Péricles, Thiaguinho, e também de Ludmilla e Gloria Groove, para contar como o pagode se tornou um fenômeno cultural e comercial no Brasil. Gloria Groove compartilha uma conexão pessoal com o gênero: sua mãe, Gina Garcia, foi backing vocal do grupo Raça Negra e chegou a se apresentar grávida, o que para Gloria simboliza uma ligação profunda e quase ancestral com o samba e o pagode.
“Eu falo que algumas das minhas primeiras lembranças de vida são as frases instrumentais do Raça Negra”, brinca Gloria no documentário, reforçando a importância da música para sua identidade.
Um marco para a diversidade na música brasileira
Ver Ludmilla se destacar no pagode é também um marco para a representatividade LGBTQIA+ na música brasileira. Sua visibilidade e sucesso abrem portas para outras artistas e fãs que buscam espaços seguros e respeitosos em gêneros musicais que historicamente foram excludentes.
O documentário, ao explorar essas histórias, não só celebra a trajetória do pagode, mas também convida a refletir sobre as transformações sociais que o ritmo acompanha, apontando caminhos para uma música mais plural e diversa.