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Lula e os fundamentalistas religiosos

O governo Lula está no fim. Foram oito anos sob o comando PTista e de aliados e é dentro desse leque de aliança que encontramos a principal e pior contradição dessa coalizão dita de centro-esquerda: a aliança com o Partido da República (PR) e com setores das igrejas evangélicas e católica no geral.

Para quem não se lembra o PR é o antigo PL (Partido Liberal) que após o escândalo do mensalão trocou de nome, pois, vários de seus integrantes estiveram envolvidos no esquema. Então, para mudar a imagem, trocaram o nome e aparência. Mas o conteúdo é o mesmo: direitistas, reacionários e com base calcada no Reino Universal de Deus.

A bancada religiosa – católicos e evangélicos – é a que barra qualquer projeto que vise fazer o Brasil andar pra frente: descriminalização e a legalização do aborto, união civil e adoção para gays e a retirada dos símbolos religiosos das repartições públicas. Sem contar que ambos são a favor do ensino criacionista nas escolas – inclui aí a candidata Marina Silva (PV) – e foram contrário a lei Maria da Penha, aquela que protege as mulheres das agressões masculinas.

Ao mesmo tempo em que o governo federal bancou alguns discursos progressistas em seu mandato de oito anos, apertou com a outra mão a palma do diabo. E o bloco dos fundamentalistas religiosos mostrou o seu poder: durante todo o mandato de Lula não deixaram votar o PLC 122, que criminaliza a homofobia em todo o território brasileiro e fizeram com que o governo retirasse a questão do aborto do Plano Nacional de Direitos humanos.

Por conta dessa aliança espúria do governo Lula com a bancada fundamentalista religiosa é que hoje o Brasil é um dos países mais atrasados na América do Sul no que diz respeito aos direitos gays. E, ao mesmo tempo em que o presidente Lula vai à conferência nacional LGBT, também se encontra com líderes da Renascer, que foram presos ao entrar nos Estados Unidos com dólares não declarados.

Além desse encontro de Lula com os líderes da Renascer, não podemos esquecer que no Rio de Janeiro o governo federal apóia o fundamentalista Marcelo Crivela (PV-RJ), que de todas as maneiras impediu que o PLC 122 fosse votado.

Na seara da política tudo vale para não perder alguns votos. E o sintoma que fica evidente é que os direitos gays são sempre os primeiros a serem rifados. A candidata Marina Silva já disse que não vai levantar bandeira do arco-íris e o vereador Sander Simaglio, que é do PV, mesmo partido de Marina, e gay assumido disse o A Capa que ela "não quer perder votos do setor evangélico".

A candidata Dilma Rousseff já se declarou a favor da união civil gay e tem encontro marcado com o setorial LGBT do PT, que irá promover uma reunião nacional para discutir o projeto LGBT a integrar o plano de governo de Dilma; Serra enquanto prefeito e governador de São Paulo fez algumas ações em pró da comunidade gay, vamos ver o que o seu plano federal nos dirá.

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