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Madonna e a Síndrome de Peter Pan

A apresentação da cantora Madonna, no SuperBowl, que aconteceu no domingo (05/02), rendeu uma profusão de comentários nas redes sociais. Poucos criticaram negativamente e a maioria celebrava a performance da cantora no principal evento esportivo dos Estados Unidos.

Sim, a apresentação realmente foi um espetáculo de danças sincrônicas, efeitos em leads e, claro, o clássico playback. Porém, esta discussão é a que menos importa, para quem faz isso há mais de vinte anos é obvio que faria desta apresentação um marco. Porém, o show de Madonna no SuperBowl foi uma grande maquete de repetições e clichês que revelam uma cantora que já contribuiu e muito para o cenário pop, mas que começa a caminhar para a caricatura de si própria, ou, como diriam, só perde para ela mesma.

Síndrome de Peter Pan?
O termo "Síndrome de Peter Pan" ficou mundialmente conhecido quando em 1983 o Dr. Dan Kiley lançou o livro "A Síndrome de Peter: O homem que não quer envelhecer", que trata da questão dos sujeitos que negam a velhice e passam a ter comportamentos que já não mais condizem com a sua fase.

Alguns dos comportamentos apontados pela obra são: narcisismo exacerbado, conflitos com a sexualidade, rebeldia sem explicação e negação ao envelhecimento. A síndrome de Peter Pan, que tem inspiração no personagem que vive eternamente jovem na Terra do Nunca, foi aceita pela psicologia. Porém, não é considerado um transtorno mental e não consta nos manuais de doenças.

Ao assistirmos o novo clipe de Madonna, "Give me all your Love", e depois a apresentação da mesma no SuperBowl, constatamos que a cantora entrou na sua fase Peter Pan. Uma entre tantas análises feita sobre o show de Madonna dizia que ela nunca tinha utilizado uma coroa de rainha para se apresentar, e que teria feito isso para reafirmar o seu trono na cena e um recado à Lady Gaga.

Em seu novo clipe, Madonna aparece acompanhada de duas novas cantoras do cenário: M.I.A e Nick Minaj, onde encenam cheerleaders. Madonna é a líder, as outras meras figurantes de um ambiente onde quem reina é ela. Será?

Todo esse tipo de cenário é altamente desnecessário para Madonna, que desde o seu surgimento nos ano 80 teve uma carreira marcada por subversões de convenções do mainstream, ou seja, quando a cantora surge em cena para reafirmar o seu posto de "rainha" é um claro sinal de que os seus 53 anos e o surgimento de inúmeras cantoras que vendem mais do que ela a assusta e a faz ver que o tempo passa.

Tudo o que Madonna não precisa é reafirmar a sua posição de ícone, mas sim preservá-la. Afinal, ao realizar atos como o descrito acima, corre o sério risco de enterrar todo o seu legado.

Uma síndrome da cultura de massas
Hoje, terça-feira (14), uma das notícias mais comentada foi a declaração da cantora Adele, que depois de faturar seis Grammys disse que vai se retirar por cinco anos para ter uma vida tranquila, descansar e ter filhos. Depois de arrebatar todos os prêmios, Adele poderia muito bem correr para o estúdio, gravar mais um disco parecido com o seu ultimo, e vender milhões, mas sabe que isso significa ter a sua imagem desgastada e usada, semelhante ao destino da cantora Amy Winehouse (1983 – 2011), que sucumbiu diante das drogas e da usurpação de sua vida pela indústria da música.

Próximo do fim de sua vida, a cantora Elis Regina declarou que estava perto de sair de cena, que o seu recado já estava dado e que era o momento de dar espaço à rapaziada jovem que se anunciava na música brasileira. A cantora Madonna tem tudo pra fechar o seu ciclo como ícone de, no mínimo, três gerações e deixar espaço para novas figuras. Afinal, a música pop pode ser definida antes e depois de Madonna, basta analisar todas as cantoras que surgiram nos últimos dez anos e constatamos que todas têm algo da rainha do pop.

Há quem diga que esta seja a ultima turnê mundial de Madonna, se assim for ela pode encerrar o seu ciclo com chave de ouro, caso contrário, pode terminar como a cantora Cher e realizar constrangimentos em nível semelhante ao do filme "Burlesque".

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