A ex-gerente de supermercado Tatiana Ferreira Lozano Pereira, de 32 anos, irá a júri popular, por determinação da Justiça de Cravinhos, no interior de São Paulo, acusada de assassinar o próprio filho, Itaberli Lozano, de 17 anos, por ser gay. Além dela, Victor Roberto da Silva, de 19, e Miller da Silva Barissa, de 18, também serão julgados. Os três responderão pelo crime de homicídio triplamente qualificado. O motivo do crime foi considerado torpe, perpetrado de forma cruel e sem dar chance de defesa à vítima. O padrasto da vítima, Alex Canteli Pereira, foi solto por, segundo a justiça, não haver provas suficientes para mantê-lo preso. Canteli já deixou o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Taiuva, onde estava detido, mas responderá por ocultação de cadáver. O Ministério Público informou que irá recorrer da decisão. O advogado da mãe de Itaberli, Hamilton Paulino Pereira Junior anunciou que entrará com um recurso pedindo a libertação de sua cliente, alegando que as provas contra ela são insuficientes. O advogado dos outros dois acusados, Flávio Tiepolo, fará uso do mesmo argumento. ASSASSINATO De acordo com a justiça, Itaberli foi morto em 29 de dezembro de 2016, e seu corpo foi encontrado em um canavial carbonizado no dia 07 de janeiro de 2017. Segundo informações policiais, a mãe da vítima, com a ajuda de outras duas pessoas, teriam esfaqueado o jovem e, em seguida, com o auxílio do marido, levou-o a um canavial, onde ateou fogo contra o corpo desfalecido do filho, na tentativa de obstruir provas que lhe incriminasse. Inicialmente, a mãe confessou ter dado uma facada no filho porque ele a atacara, depois mudou sua versão, afirmando que os dois rapazes foram os responsáveis pelo assassinato, e que ela havia pedido apenas que eles dessem “um corretivo” em Itaberli. Os acusados, no entanto, disseram que eles bateram e tentaram enforcar o adolescente e a mulher quem teria desferido as três facadas. HOMOFOBIA Antes de morrer, Itaberli havia feito uma publicação em seu perfil no Facebook desabafando sobre o preconceito e ameaças que vinha sofrendo por ser gay: “Que tristeza as famílias sem um pingo de amor, nem a mãe por um filho”. “Família em primeiro lugar, é o que há ahahah”, escreveu. Para o Ministério Público, o crime foi motivado por homofobia, uma vez que a mãe não suportava a orientação sexual do filho, que era gay, como a mesma chegou a relatar em depoimento que “não aguentava mais ele”.