"Mãos que embalam o berço, dirigem o mundo", escreveu o presidente norte-americano, Abraão Lincoln. As Escrituras nos dão alguns exemplos de mães: Ana, Eunice, Isabel, Maria, a Mãe do Senhor Jesus…
Todas elas são mães que amam profundamente seus filhos e filhas; mulheres que oravam para serem mães e que honraram ao Senhor com tal responsabilidade sobre as vidas que o Senhor as concedia. Ana, por exemplo, mulher amada, porém estéril, ora ao Senhor e pelo filho que crê, pela fé, que vai receber Dele, antes mesmo dele nascer (1Sm 1.1-20). Ao receber o filho tão sonhado, o entregou ao Senhor. Reconheceu a soberania de Deus na vida do seu filho, deixando-o nas mãos do Único que nos dá verdadeira segurança e paz.
Eunice (2Tm 1.5; 3.14,15), mulher que não esqueceu o ensinamento: "ensina a criança no caminho que deve andar, pois, ainda velho, não se desviará dele". Eunice não se esqueceu de ensinar a Timóteo que Deus é Deus. Desde menino, Timóteo soube que Jesus é o Filho de Deus, através do ensino de sua mãe.
Isabel, mulher forte, estéril, cheia de opróbrio para a sociedade da época. Ressignificou tudo, passou por cima das tradições para nomear seu filho tão esperado segundo a vontade de Deus e não segundo a vontade dos homens. Isabel enfrentou a sociedade e seus preconceitos por conta do seu filho, não temeu, antes, no Senhor se fortaleceu.
E o que dizer de Maria, a Mãe de Jesus? Ainda muito jovem, recebe uma inusitada visita e, a despeito da Lei e da pena de morte nela prescrita, diz SIM à soberania de Deus e, como serva, se submete, não temendo a própria vida, antes, a entregou ao Senhor sem restrições?
Maria que ensinou Jesus a falar, a caminhar, a comer, a ser um homem de valor. Maria que não desistiu de seu Filho e que foi com Ele até a última gota de sangue, naquela tenebrosa sexta-feira, quando todos O tinham abandonado! Mulher de fibra, que soube desde o primeiro instante que uma espada transpassaria seu coração, mas nem por isso recuaria, antes, persistiu.
Demos graças a Deus no dia de hoje! Como essas mulheres, nossas mães também sonharam conosco, oraram por nós, lutaram por nós, nos ensinaram e não desistem de nós. Louvemos a Deus, pois nossas mães podem olhar para o exemplo delas e nelas se espelharem, para manterem o firme propósito de serem mães.
Sejam nossas mães como Ana, que entendeu que, apesar de seus sonhos e planos para seu filho, a última palavra não vinha dela! Sejam nossas mães como Eunice, para que não nos esqueçamos dos ensinamentos proveitosos e que hoje nos dão caráter firme e espírito de lutadores. Sejam nossas mães como Isabel, que enfrenta a sociedade, que não se envergonha e não teme os preconceituosos. Enfim, sejam elas como Maria, junto conosco, ao nosso lado, até às últimas consequências.
Caso sua mãe não te entenda porque você é gay, lésbica, bissexual, travesti ou transexual; caso isso seja um imenso obstáculo no relacionamento de vocês neste momento; caso até mesmo vocês não tenham mais a proximidade e o carinho que um dia vocês tiveram; confie em Deus, que também é Senhor do tempo e, que no seu tempo, mudará o rumo dessas coisas. Continue amando sua mãe, honre-a!
Obrigado, Senhor, pelas mães!
* Márcio Retamero, 36 anos, é teólogo e historiador, mestre em História Moderna pela UFF/Niterói, RJ. É pastor da Comunidade Betel do Rio de Janeiro – uma Igreja Protestante Reformada e Inclusiva -, desde o ano de 2006. É, também, militante pela inclusão LGBT na Igreja Cristã e pelos Direitos Humanos. Conferencista sobre Teologia, Reforma Protestante, Inquisição, Igreja Inclusiva e Homofobia Cristã. Seu e-mail é: revretamero@betelrj.com.