O sol hoje está meio tímido em Copacabana e é difícil pensar que aqui ao lado, na avenida Atlântica, ocorreu uma das melhores paradas gays do Brasil. É feriado aqui no Rio e o clima geral é de preguiça. Para quem esteve ontem na manifestação arco-íris a sensação é a mesma de depois de qualquer parada. Como é que depois de um evento maravilhoso, que em sua totalidade foi repleto de momentos alegres e pacíficos, a sociedade brasileira ainda consegue ser tão homofóbica e preconceituosa?
Embora o sentimento compartilhado do posto 6 ao posto 2 fosse de alegria e descontração, a parada carioca foi importante na medida em que chamou a atenção para o PL 122/06, o já conhecido projeto de lei que criminaliza a homofobia. A Parada carioca serviu para jogar a luz dos holofotes no circo em que cada vez mais tem se tornado o nosso Senado Federal. Responsabilizou a omissão de nossos representantes políticos pela morte de milhões de homossexuais.
Ontem a festa gay carioca foi democrática. Chamava atenção a diversidade das pessoas e de suas manifestações livres da sexualidade. Havia espaço para todos. Estrangeiros, cariocas, paulistas, emos, drags, travestis, famílias, vovós e vovôs, lesbicas, gays e até heterossexuais. O dia estava lindo. Um sol fenomenal que só o Rio de Janeiro. E o melhor de tudo da deliciosa parada era que tinha uma linda vista para o mar. O que é uma diferença enorme para quem está acostumado a ficar cercado pelo concreto paulistano.
De acordo com a organização, um milhão e duzentas mil pessoas (500 mil para a Polícia Militar) estiveram presentes ao evento para dizer e deixar claro que nós gays não queremos mais ser vítimas de homofobia e omissão. Só isso.