A Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, marcada para o próximo dia 25, promete ser bem diferente este ano. Isso porque a maioria dos trios elétricos que vão desfilar pela avenida Paulista será de ONGs e outras instituições, sendo que algumas delas participam pela primeira vez do evento.
Ao todo, serão 22 trios, com destaque para um carro do Ministério do Turismo e três de sindicatos, entre eles o Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo (Seesp), Sindicato dos Trabalhadores de Telemarketing (Sintratel) e Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), que comparece pela sétima vez à manifestação. Apenas seis trios são de empresas, entre elas os sites TrocaTroca.com, Disponivel.com e ManHunt.
Sem a badalação dos carros de clubes, como a onipresente The Week, a 12ª edição da parada, que este ano vem com o tema “Homofobia Mata! Por um Estado laico de fato”, terá um foco maior na militância, chamando a atenção para os direitos dos homossexuais, principalmente para o PLC 122/2006, projeto que tramita no Congresso e institui o crime de homofobia.
Segundo o vice-presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT (APOGLBT), Murilo Moura Sarno, a maior participação de ONGs e instituições na manifestação faz parte de algumas mudanças que vêm acontecendo no processo político no que se refere à visibilidade de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e transgêneros. “Esse mudança se dá a cada quatro anos. É uma mudança gradual, movida principalmente pela visibilidade que conquistamos. Não é à toa que o próprio tema deste ano traz essa discussão”, afirma.
Para o militante, a parada é um espaço misto, de celebração e reivindicação. “É perfeitamente possível fazer festa sem esquecer que a parada também é um ato político”, defende.
A primeira parada da capital paulista aconteceu em 1996, em frente ao Masp, e reuniu cerca de 300 pessoas. Desde então, o número de participantes cresceu exponencialmente. Para Erinaldo Bispo, administrador do Sintratel, a participação do sindicato na parada deste ano reforça o caráter reivindicatório do evento. “Estamos participando pela primeira vez com um carro na parada a pedido da própria categoria, que se sente amplamente representada dentro da comunidade GLBT. Queremos dar nosso apoio político à manifestação e combater a homofobia”, diz.
O trio do Sintratel – que recentemente formou uma comissão interna para discutir assuntos ligados à causa homossexual e criou um logotipo especialmente para divulgar a parada -, deve vir com cerca de 40 pessoas. Na opinião de Peter Ribeiro, diretor de base do sindicato, a presença dos trabalhadores de telemarketing na parada mostra a importância de desvincular a imagem do evento a um de “carnaval fora de época”. “Nosso objetivo é mostrar que estamos lutando pelos nossos direitos e dizer que a parada não é só festa”, destaca Ribeiro.
O conselheiro estadual da Apeoesp, Walmir Siqueira, também acredita que a parada é um espaço de luta e conscientização política. “Consideramos que a parada é o mais importante evento social do país e acreditamos que temos a obrigação de participar. Como somos o maior sindicato da América Latina, sentimos a necessidade de atuarmos de forma mais efetiva e estarmos atentos à questão da população GLBT”, diz.
Mais uma vez, a Apeoesp levará à avenida Paulista o trio Sol Nascente, que terá cerca de 50 convidados. “A parada faz parte da agenda do sindicato desde o começo do ano e aqui dentro todos apóiam nossa iniciativa”, lembra Siqueira.
Já o trio de Salete Campari promete vir mais “fervido”. “Mas também vou aproveitar para reivindicar nossos direitos”, ressalta a drag, cujo carro super equipado tem dois banheiros, cabine de som e uma infra-estrutura para comportar cerca de 80 convidados. O custo de tanto conforto, conta Salete, ultrapassa os R$ 60 mil.
Por esse motivo, a drag destinou 40 convites ao público em geral, ao preço de R$ 500 cada. “Além de toda minha equipe, entre faxineiras, garçons e seguranças, preciso dar conta de arcar com as bebidas, garantidas do começo ao fim do desfile”, diz.
A 13ª edição da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo terá início às 12h, em frente ao Masp, e deve encerrar por volta das 19h30 na Praça Roosevelt. A APOGLBT não fala em números, mas a expectativa é quebrar o recorde do ano passado, quando 3,5 milhões de pessoas estiveram na Paulista.