Eu, sujeita definida, podendo ser simples ou composta, cansei de ser excluída das especificidades e de me ver generalizada em “os” ou entre parêntesis. Essa generalização masculinizante é fruto e prova de uma construção sócio-cultural pensada por seres machos, e excludente.
Protesto contra a subutilização da forma feminina para construir discursos e rejeito a masculinização das mulheres a serviço da concisão textual. Ora, se “A pessoa”, substantivo feminino simples, variável em gênero número e grau é o instrumento discursivo que pode designar toda a humanidade, porque o termo generalizante largamente utilizado tem que ser “o homem”?
O ser humano pode ser substituido por a humanidade, mas a pessoa humana não abre precedente para uma construção frasal em que o homem seja o sujeito, sempre. Porque cargas d’água as pessoas continuam excluindo as presentes? “Boa noite a todos” não inclui as mulheres; mas se flexionamos para “boa noite a todas” estamos falando com todas as pessoas presentes.
Rejeito o gênero vacilante! Rejeito a uniformidade do comum de dois, do epiceno e do sobre comum. Respeitem a minha individualidade e não me generalizem em classes gramaticais. Quero um discurso inclusivo em todos os aspectos linguísticos e que venham a mim os substantivos biformes e os heterônimos. Venha a mim uma uniformidade que generalize o mundo das palavras para a forma feminina nos concretos, abstratos, comuns, próprios e coletivos. Quero a desinência de gênero feminina!
Cansei de viver entre parêntesis!