Aconteceu na tarde desta segunda-feira a Marcha Paulistana LGBT contra a Homofobia, que foi organizada pela Associação da Parada LGBT de São Paulo (APOGLBT), Centro de Referência e Diversidade (CRD) e pelo Coletivo de Feministas Lésbicas (CFL). A marcha percorreu as ruas do Centro de São Paulo e fez parada na porta da Câmara Municipal, onde esperava ser recebida por vereadores e pelo presidente da Casa, Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), fato que não aconteceu.
A concentração para a marcha teve início às 14h30 no CRD. Por volta das 15h cerca de trinta pessoas já davam início à ocupação das ruas com cartazes e placas com dizeres de protesto contra a homofobia. Alguns atentavam para o fato de que a "homofobia se aprende em casa", "preconceito é crime" e pela aprovação do PLC 122, que criminaliza a homofobia em todo o território nacional.
No início da caminhada, o grupo, em sua maioria composto por travestis, transexuais e lésbicas, não sabia se fazia a marcha pela rua ou não. Convencidos pela maioria, os manifestantes seguiram pela rua Major Sertório, ponto de encontro oficial, e depois pela avenida Ipiranga em meio ao trânsito, ocupando uma das faixas. O primeiro grito entoado foi: "Mais, mais, homofobia nunca mais".
A reação de pessoas que não faziam parte da manifestação mostrava o quanto o Brasil ainda é um país homofóbico. Não eram poucos que passavam gritando e xingando os presentes de "vagabundos e sem vergonhas". Sem contar certos motoristas que jogavam os carros em cima dos manifestantes para que saíssem da via. Mas eles não se intimidaram e fizeram outro coro: "1, 2, 3, 4, 5 mil, queremos o fim da homofobia de norte ao sul do meu Brasil". Apesar das reações adversas de algumas pessoas, vários curiosos paravam, tiravam fotos, apoiavam e se despediam.
Depois de atravessar parte do Centro, a Marcha Paulistana chegou à porta da Câmara Municipal. Sabendo do protesto, foram colocadas grades em frente ao local a fim de isolar os manifestantes. Os ativistas queriam que algum vereador ou o presidente da Casa descesse para receber a carta manifesto contra a homofobia e o pedido de aprovação da lei municipal de autoria do vereador Ítalo Cardoso (PT-SP).
Mas ninguém apareceu. Apenas o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP) estava presente. Giannazi lembrou de sua época de vereador quando ele, Soninha (PPS-SP) e Netinho (PSDB-SP) fizeram um manifesto contra a homofobia no plenário. Porém, o projeto foi vetado na íntegra pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM-SP), que alegou inconstitucionalidade. Representando o vereador Ítalo Cardoso, Benedita Aparecida foi em direção dos manifestantes para receber a carta.
Ela recebeu o documento das mãos de Irina Bacci, uma das organizadoras da Marcha e coordenadora do CRD, não antes de ouvir da ativista lésbica os agradecimentos pela sua presença. "A Câmara Municipal é extremamente homofóbica e nós precisamos que os vereadores coloquem na pauta o PL anti-homofobia municipal", disse a ativista. Após escutar as queixas dos presentes, Benedita assegurou: "A porta está aberta para vocês, o Ítalo tem ligação histórica com o movimento LGBT". Irina lembrou ainda que o prefeito tinha prometido que, após a lei corrigida, ela voltaria a ser votada. "Mas até hoje isso não aconteceu", protestou.
Em dado momento houve princípio de bate-boca, quando um homem passou ao lado do grupo e chamou os manifestantes de "cambada de vagabundos". Próximo ao fim da manifestação e já com a certeza de que nenhum vereador iria atendê-los, Irina Bacci disse à reportagem do site A Capa que o fato já era esperado. "A maioria deles não quer associar a sua imagem com as questões LGBT por conta de votos", reclamou.
Sobre a manifestação, Irina disse ter ficado satisfeita. Para ela esse tipo de ação "falta no movimento". "O engraçado é que muitas pessoas do movimento reclamam dessas ações e quando são chamadas não aderem", lamentou a ativista. A Marcha Paulistana terminou por volta das 17h.