No último sábado (19) a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, esteve em São Paulo para lançar dois projetos voltados para o combate à homofobia: o Disk 100 – Módulo LGBT e o adesivo que será colado em locais onde houver discriminação por conta da orientação sexual. O lançamento contou com a participação da senadora Marta Suplicy (PT-SP), do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-SP), do ativista Toni Reis e do secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, José Gregori.
O evento aconteceu na Casa das Rosas, centro cultural que fica na avenida Paulista. Apesar da organização do local, o lançamento aconteceu com uma hora de atraso, fato que fez com que algumas pessoas abandonassem o evento e fossem para a Marcha Contra a Homofobia, que acontecia simultaneamente.
Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis (ABGLT), foi o primeiro a falar. Saldou a ministra e o seu governo, lembrou das ações do governo Lula e até brincou que "nunca dantes tivemos uma conferência convocada pelo governo federal, nem na Holanda". Ao fim de seu discurso, Reis explicou à ministra que a pauta da comunidade LGBT é "simples". "A nossa pauta é simples, não queremos um mundo cor-de-rosa, queremos um mundo colorido onde caibam todas as cores".
Em seguida, o secretário José Gregori lembrou aos presentes que foi o responsável por redigir o I Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH I). "A avenida Paulista é muito pujante na questão econômica, mas muito preconceituosa na questão de gênero", disse Gregori.
Após o secretário, quem discursou foi a senadora Marta Suplicy, que ao ser anunciada foi fortemente aplaudida pelos presentes. Logo de cara, Suplicy brincou com Toni Reis. "Toni, são quantos anos que nós estamos nessa luta, 15?", para em seguida voltar a dizer que o Brasil andou para trás na questão dos direitos LGBT. "Quando eu apresentei o projeto da parceria civil, costumávamos dizer que a Argentina era um país muito conservador. Pois bem, hoje eles são lembrados por ser o país mais gay-friendly e nós pelo espancamento de homossexuais", criticou a senadora.
Suplicy também voltou a fazer severas críticas ao Parlamento ao dizer que este se "acovardou diante dessas questões [gays]". Posteriormente, a senadora disse que mais que combater aqueles que são contrários às leis gays, é preciso convencer aqueles que ainda não têm coragem de apoiar as demandas da comunidade LGBT. Para isso, Suplicy disse que é preciso ter uma sociedade civil muito "organizada". Em seguida, o deputado Jean Wyllys fez um rápido discurso, onde parabenizou a ação do governo. "Temos que ser parceiros, sou do PSOL, mas estou dialogando com o governo", falou. "Essa iniciativa é louvável".
Homofobia e Estado
"Obrigado São Paulo por ter mandado Marta ao Senado". Foi assim que a ministra Maria do Rosário iniciou seu discurso, felicitando a eleição de Marta Suplicy ao Senado pelo estado de São Paulo. Em seguida, a ministra disse que é preciso explicar e convencer a população de que a "homofobia fere o Estado democrático". Rosário também afirmou que "o Estado brasileiro não pode ser gerido por um pressuposto heteronormativo".
Maria do Rosário disse que escolheu São Paulo para lançar as ações anti-homofobia por conta dos ataques recentes. "Como é que pode a cidade que tem a maior Parada Gay do mundo gerir esses ataques horríveis?", questionou, comentando sobre o título da campanha. "Hoje quero firmar uma parceria com vocês e uma crença também: de que nós podemos fazer um território livre da homofobia", falou.
Após os discursos, Marta Suplicy e Maria do Rosário foram até a calçada da Casa das Rosas e colocaram o primeiro adesivo que divulga o Disk 100, pedindo às pessoas que "façam do Brasil um território livre da homofobia".