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Markito: O estilista da era plumas & paetês

A edição de novembro de 2010 da revista "Joyce Pascowitch" trouxe uma reportagem que passou meio despercebida, mas que vale a pena ser resgatada. O tema: o lendário estilista Markito, que marcou época na moda no fim dos anos 70, começo dos 80, e foi uma das primeiras vítimas famosas da Aids, morrendo em 1983.

Ele era gay assumido, mas tinha um charme viril que seduzia platonicamente as mulheres, clientes famosas ou não. Não seria absurdo imaginar que o novelista Cassiano Gabus Mendes se inspirou em Markito para criar o personagem Jacques Leclair (Reginaldo Faria) para sua novela "Ti-ti-ti" (1985/86), atualmente em remake com Alexandre Borges.

Markito nasceu em 1952 em Uberaba, Minas Gerais, e começou a desenhar croquis ainda criança. Também na fase juvenil, chegou a fazer alegorias para os desfiles das escolas de samba da cidade.

De Uberaba para São Paulo, onde se radicou nos 70. E passou a vender suas criações, influenciadas pelo glam rock e o glitter, além dos Dzi Croquettes. Paetês eram a marca registrada de Markito. O final da década de 70, com o auge da era disco, consagrou de vez o estilista, que passou para a nova década como o grande mestre da moda moderna.

Nos 80, todas queriam vestir Markito. Entre suas clientes famosas, estavam as atrizes Sandra Bréa (que também seria vítima da Aids, em 2000), Mila Moreira, Maitê Proença, Sonia Braga; as cantoras Simone, Gal Costa, Fafá de Belém; e até Xuxa Meneghel. "Markito foi uma deslumbrante taça de champanhe", diz Marília Gabriela, amiga e cliente do estilista. Na capa do disco que lançou como cantora em 1982, Marília vestiu um modelito dele.

Entre as internacionais que vestiam suas criações, estrelas como Liza Minnelli, Diana Ross, Grace Jones, Olivia Newton-John e Farrah Fawcett. Nas discotecas Studio 54, em Nova York, e Regine’s, em Paris, os vestidos dele roubavam a cena.

No Brasil, em SP, o cenário era a boate Gallery, templo dos ricos e famosos do início dos 80. Mulheres vaporosas desfilavam a bordo de criações dele, aumentando sua fama. E foi no Gallery que Markito se despediu do Brasil. Em 5 de abril de 1983, comemorou lá seus 32 anos, recebendo os amigos. Depois partiu para Nova York, cidade que escolhera para morrer.

Morreu por lá em 4 de junho, e foi enterrado em Uberaba. Em sua cidade natal, a irmã do estilista, Monica Rezende Gonçalves, fundou um museu para registrar seu legado. Para visitar, basta agendar horário. O telefone de contato é (34) 3333-7438.

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