Poucos dias após ter pedido demissão da Globo acusando a emissora de “humilhações”, Matheus Ribeiro foi chamado para trabalhar na RecordTV de Brasília – e vários de seus novos colegas de emissora reagiram mal à contratação. Ribeiro, de 26 anos, é até hoje o único jornalista abertamente gay a ter apresentado o Jornal Nacional (Globo).
Em carta de repúdio, os jornalistas da rede apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acusam Ribeiro, indiretamente e com nítido cunho homofóbico, de usar a própria orientação sexual para ter “atenção midiática” em “benefício próprio”, comparando-o ao jornalista Luiz Carlos Braga, demitido da RecordTV após 12 anos de trabalho, cujo posto hoje é de Ribeiro. De acordo com a carta, ao preferir o jornalista gay a Braga, a RecordTV troca “o certo pelo duvidoso”.
O texto não chegou às lideranças da afiliada brasiliense porque o grupo de jornalistas responsável pelo mesmo teme represálias – nos últimos meses, vários jornalistas têm sido demitidos após demonstrarem contrariedade às mudanças internas na emissora.