Matheus Nachtergaele, 45, está no ar com "Doce de Mãe". No seriado da TV Globo, o ator interpreta o personagem Fernando, homossexual assumido e um dos quatro filhos da protagonista Picucha (Fernanda Montenegro), a matriarca da família.
Na trama, Fernando se mostra um gay bem resolvido e casado com Roberto, personagem interpretado por Evandro Soldatelli, como revela Nachtergaele em entrevista.
"A família aceita com facilidade isso [a sexualidade de Fernando]. A não ser, talvez, o Silvio (Marco Ricca), que é mais machista. Estou tentando fazer um personagem docemente libertário. Acho que todos nós do elenco trabalhamos com essa bandeira: de que, com doçura, é possível liberdade. Esse trabalho me fez ter saudade de casa. Tenho ligado mais para as pessoas da família", declarou o ator ao O Globo.
O personagem gay Fernando ao lado da família em "Doce de Mãe"
Interprete de diversos papéis na TV e no cinema, Nachtergaele se arrepende de ter se exposto além da ficção e falado sobre sua vida pessoal, quando revelou sua bissexualidade.
"Eu me arrependo de já ter tentado me definir porque não adianta. Ninguém cabe numa prateleira nesse aspecto. Eu já não penso mais em lésbicas, gays, héteros, bissexuais… Não consigo pensar nesses termos porque percebo que cada ser humano tem uma sexualidade própria. Acredito que, quantas pessoas existirem no mundo, é o número de sexualidades que existem. E, além do mais, temos que lembrar que ela é cambiante", declarou.
Fernanda Montenegro e Nachtergaele em cena de "Doce de Mãe"
O ator disse ainda que "tem pessoas que são absolutamente promíscuas e, a partir de um momento, se tornam monogâmicas. E vice-versa. Existem matrimônios de três. Pessoas que tiveram casamentos com homens e mulheres, e todos são exemplos bem-sucedidos…".
Capricorniano e extremamente obsessivo por trabalho, Nachtergaele diz que está acostumado com papéis mais populares na TV.
"Adoraria ser um gato selvagem. Quem não? Mas a verdade é que o meu tipo físico me liberta. Posso ser um vilão, um mendigo, um profeta, uma travesti, um médico, um príncipe, um duende, um bruxo, um homem, uma mulher. Obviamente, um olhinho azul seria uma coisa fofa. Uma covinha quando sorri, um pouco menos de entrada, cinco centímetros a a mais, tudo isso seria fofo… Mas é o que temos…", afirma, sem perder o bom humor.
Sobre os próximos trabalhos, em março o ator estreia no cinema com "Trinta", a cinebiografia do carnavalesco Joãosinho Trinta. Depois, começa a filmar "Big jato", que trata sobre uma criança convivendo com um pai e um tio muito antagônicos, no alto sertão do Ceará.