A vida moderna vem derrubando muitos tabus e evoluindo em vários aspectos da sexualidade. Muitas fantasias sexuais estão desocupando o lugar do obscuro, do proibido e enriquecendo momentos sexuais com frases picantes, narrativas ao pé-do-ouvido e, inclusive, com propostas e convites: que tal um ménage à trois?
(…) Muitos casais vêm estreitando o relacionamento através da cumplicidade e com liberdade para expressar os próprios desejos. Sem dúvida, abrir um pouco o leque de variedades e novas formas de prazer contribui, e muito, para renovar os ares do casal e sair da tediosa rotina.
Enquanto a fantasia aparece no discurso ou nas narrativas picantes que aquecem momentos a dois, o desejo começa a alçar voo em direção à realidade e tem gente que treme nas bases ao cogitar a possibilidade do sexo a três. Nada melhor do que amadurecer a ideia para chegar à resposta. Antes de qualquer tomada de decisão, o casal deve nutrir um diálogo franco e aberto: compartilhar ideias, desejos, medos e inseguranças. Traçar os limites de cada um e estabelecer pactos de confiança: “isso eu gosto e quero; aquilo não gosto e não quero”.
Visualizar a cena, mentalmente, também ajuda a descobrir o que cada um espera vivenciar e o que poderia desagradar. As condições do ménage devem estar bem estabelecidas e devem ser respeitadas para que não haja uma quebra na confiança ou qualquer tipo de “ressaca” ou ruptura. E, antes de partir para a ação, o casal deve estar seguro se deseja e tem capacidade de viver tal experiência com a maturidade necessária. Afinal, o que se deseja é viver situações novas que somem prazer aos dois e que fortaleçam a relação. E: “Ser liberal, em minha opinião, é saber somar prazer e querer.” – resume a personagem Ana no livro Sexo sem Amarras.
Se o casal optar pelo “Sim! queremos experimentar!” chegou a hora de refletir e dialogar sobre a escolha da terceira pessoa. Sabemos que é grande o número de adeptos à prática do sexo a três, porém, é difícil encontrar alguém disponível que se enquadre no perfil do casal. Como primeiro experimento, não é aconselhável a escolha de uma pessoa próxima – física ou afetivamente. Isso pode gerar dúvidas ou inseguranças; a não ser que o casal seja amadurecido, e já viva uma relação bem distante da convencional.
Encontrar uma terceira pessoa é difícil até mesmo para aqueles que frequentam casas de swing, boates e sites de relacionamento. É preciso cuidado, pois existem perfis falsos na internet e profissionais do sexo infiltrados em boates de casais como “esposas” ou “maridos” – o que exige um certo trabalho e sagacidade na hora de fazer contatos. No entanto, há também pessoas sinceras e casais verdadeiros com o mesmo desejo de viver variedades na busca pelo prazer. O importante é ter paciência para não se precipitar com a pessoa indevida. Enquanto isso vale a pena ir alimentando a fantasia a dois e fazer da procura uma brincadeira criativa e excitante.
Há quem opte por um profissional do sexo depois de avaliar os prós e os contras. Quanto a isso, a decisão é de cada um ou de cada casal. O fato de ser um profissional caracteriza a neutralidade – sem proximidade e afetividade – e garante o sigilo – exigido pela maioria dos casais. Somado a isso é mais rápido e fácil encontrar parceiros.
Por outro lado, existe o risco de contrair doenças. Sobre isso, devo lembrar, é um problema que acontece com qualquer pessoa – profissional ou não. Sem camisinha ou outras precauções a aventura torna-se insanidade. Atenção: muitas pessoas esquecem, por exemplo, que seus dedos/unhas podem ser transmissores de doenças. Eles passeiam, ingenuamente, aqui e ali… em uma, na outra… sem preocupação. Porém, alguns cuidados com a própria saúde são necessários para garantir dias e noites de boas lembranças.
Quando o terceiro é escolhido e o casal está seguro e em sintonia, a noite promete ser boa e longa! Três pessoas numa cama significam três corpos prontos a explorar e serem explorados; três universos de fantasias e desejos sexuais; três pessoas querendo saciar a sede de novidades. Daí para frente, basta relaxar e se entregar. “Sensações duplicadas, prazer ao cubo!” – nos revela Ana.
A personagem ainda acrescenta: “O sexo é uma oportunidade mágica que todos nós temos. É uma entrega de corpos, uma troca de prazeres. Precisamos descobrir nossa potência e usá-la. Nada tem de mau, errado, sujo ou pecaminoso. A nossa cultura tenta nos impor isso, mas o assunto é muito mais simples e sublime. Trata-se de desejar, querer e permitir! Se atingimos essa compreensão, o sexo flui, autêntico e espontâneo.”
Independente da decisão, o casal deve estar atento aos pactos de confiança. Com isso, basta se entregar e se divertir!
* Bia Areias é autora do livro “Sexo sem Amarras”, publicado pela Editora Gente