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“Menina ou Menino – Meu Sexo Não é Meu Gênero” revela intimidades de homens transexuais

Talvez um dos melhores documentários apresentados nesta 19ª edição do Festival Mix Brasil de Cinema da Diversidade, o longa "Menina ou Menino – Meu Sexo Não é Meu Gênero" retrata a vivência de diferente homens trans em algumas cidades como Paris ou Barcelona.

O grande trunfo do filme são seus "personagens". A transexualidade é o tema sob o qual o filme parte para discutir a construção da masculinidade e da feminilidade dentro de cada um – trans, gay, bi, hetero ou whatever.

Assim, a maneira como cada um constrói sua persona e o modo honesto como compartilham isso nos depoimentos apresentam um rico panorama da diversidade humana.

Um dos personagens relata, por exemplo, a ida a um psicólogo que o questionava por conta de sua voz fina: "Afinal, você é homem é mulher? Decida-se". "Ouvi isso ao invés de que poderia continuar com a minha voz mesmo e apresentando como homem, mais fácil do que tentar me enquadrar num clichê".

No filme, há o caso de um rapaz que antes de sua transformação era loira e tinha o cabelo cumprido. "Eu queria ser uma pessoa, e não apenas um objeto de desejo", afirma. No entanto, chegou a ficar mal ao "abrir mão da beleza" antes de conseguir a paz que tanto desejava.

Há outro que guarda na porta de seu guarda roupa fotos de seu passado quando mulher, desde pequena. "Sou eu ali", afirma. "As pessoas imaginam que há um antes e um depois na vida de um transexual. Não há".

Rocco Kayiatos (foto), editor de uma revista voltada para transexuais, abre sua intimidade. "Quando comecei a tomar testosterona eu só pensava em sexo. Era todo dia. Isso só foi passar depois de seis meses", confidencia.

Rocco protagoniza também uma das partes mais emblemáticas do documentário, ao participar de um bate-papo com seus pais e com sua irmã gêmea sobre como foi para sua família encarar o processo transexualizador.

Outras questões pertinentes não ficam de fora, como a defesa pela despatologização da transexualidade – considerada transtorno de gênero e figurando no CID (Código Internacional de Doenças).

A desconstrução da biologia como determinante no gênero não fica só no título do filme. Um dos personagens apresentados é justamente um trans que continua com seios e possui muitas características femininas – justamente por não poder fazer uso de hormônios por conta do fígado.

"Para um hétero é muito simples e muito lógico. Nasceu homem ou mulher, vai querer casar e ter filhos. Essa certeza de que biologicamente o gênero não muda é como um chão para eles. Para mim, este chão nunca esteve lá", observa ele.

Uma ótima oportunidade para os interessados nas discussões de gênero e identidade.

Serviço:
17/11 às 19h
Centro Cultural São Paulo – Sala Lima Barreto
Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso
Estação Metro Vergueiro
(11) 3397 4001/2
Ingressos: R$ 1,00/ R$0,50 (meia)

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