O manifesto do Corinthians pedindo o fim de gritos homofóbicos nos estádios não teve nenhum efeito em sua torcida, durante o jogo contra o São Paulo no domingo (21). Tanto de um lado quanto do outro os jogadores referiam-se à homossexualidade como algo ofensivo.
+ Leia o manifesto contra o grito de "bicha" do Corinthians
O goleiro Dênis, do São Paulo, era chamado de "bicha" pelo adversário a cada tiro de meta. Já a torcida corintiana escutou da são-paulina um coro que ridicularizava o selinho do jogador Sheik e o envolvimento de Ronaldo Fenômeno com travestis.
Algumas mulheres são-paulinas provocaram vestindo camisetas com letras que formavam a palavra "gaivotas das fieis".
O torcedor corintiano Paulo Iotti, que já fez três denúncias de homofobia contra o próprio time, todas rejeitadas pelo Tribunal de Justiça Desportiva, afirma que os clubes e seus torcedores só vão começar a parar de utilizar a homossexualidade como ofensa quando começarem a ser multados.
"Sinto-me ofendido, indignado. O tribunal falou que eles entendem que o jogador não é homossexual, então, isso não seria uma ofensa. Só que você está imputando que homossexualidade a ele como uma forma de menosprezá-lo, como se a homossexualidade implicasse em ser inferior", desabafa ele à BBC Brasil, que estuda processar o time novamente.
Em nota da Folha, o torcedor corintiano Jayme Borges, de 33 anos, afirmou que deixou de acompanhar o clube por conta das provocações homofóbicas. "Não quero desaforo. (No jogo) tem xingamento, discussão, briga e preconceito", desabafou.
A Federação Paulista de Futebol afirmou que ainda não há nada programado para combater a homofobia no futebol, mas que está aberta a apoiar qualquer ação contra qualquer tipo de preconceito.