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Mesmo com poucos participantes, rodas de debates da CADS são bastante produtivas

Na última sexta-feira, 23/3, o auditório do SEPP – Secretaria Especial para Participação e Parceria – serviu de palco para uma série de rodas de conversa promovidas pela CADS – Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual –, com intuito de estudar e discutir novas ações que o CADS deve tomar. O primeiro dos temas discutidos foi Política e Direitos Humanos e os debatedores foram a vereadora Soninha e o deputado estadual Carlos Gianazzi, que começou sua fala parabenizando a coordenadoria. “A CADS representa um avanço nas conquistas dos direitos na cidade de São Paulo do ponto de vista institucional, vocês estão de parabéns”. A proposta do ex-vereador para a CADS é focar na comunicação com a comunidade GLBT, onde ela é mais discriminalizada. Gianazzi citou como exemplo a sua participação do “Programa do Ratinho” para um debate sobre o projeto de lei que estendia a parceiros de servidores públicos municipais os mesmo direitos de parceiros de servidores heterossexuais. “Eles apresentaram tudo de uma forma folclórica, pegaram imagens de um casamento gay num país da europa onde um dos noivos estavam vestidos de noiva. Disseram que eu era a favor do casamento gay e até de viado me chamaram. Eu não tenho problemas com isso e tive que explicar que para mim não é pejorativo ter minha imagem associada a homossexualidade. Tenho até orgulho disso. O que eu fiz foi explicar o projeto. A produção do programa sem me avisar, colocou no telão um político super conservador que fez parte da ditadura militar para confrontar os pontos de vistas”, finalisou o deputado. A segunda roda discutiu “cultura e educação”. Entre os presentes estavam Yaskara, André Fischer e Sergio Mello. A mediação ficou por conta do jornalista Sergio Miguez. Yaskara criticou o dia e o horário da reunião e questionou o porquê de não haver muito público. A colunista e colaboradora da revista G Magazine parabenizou a coordenadoria e afirmou “Eu imagino que com essa prefeitura não deve ser fácil trabalhar na CADS, qualquer coisa que vocês deixem de fazer é muito compreensível”. André Fischer, diretor executivo do festival e do portal Mix Brasil, lembrou do Mix Jovem – projeto que passou por cerca de 30 escolas da rede municipal de ensino fundamental onde era exibido um filme de temática homoerótica, seguido de um debate sobre homossexualidade. “Era notável que pela primeira vez se falava no assunto naquelas escolas. Dava para perceber pelos olhinhos dos alunos quem ficava mais eufórico com o assunto e quem era gay ou não”, declarou. Entre as idéias sugeridas estavam a de Sérgio Mello de fortalecer o fomento a cultura e trabalhar um modo de levar as questões à periferia, além da criação de espaços de discussões e parcerias com universidades e universitários. André Fischer defendeu a criação de um centro de referência, uma espécie de centro cultural gay. Ao final da reunião Yaskara atentou para uma conclusão bastante pertinente. “Se o público GLBT consome mais entretenimento, uma das maneiras que nós temos para fazer as pessoas freqüentarem rodas como essa é usar a diversão como ‘isca’. Assim a gente consegue colocar as coisas na cabeça das pessoas sem que elas percebam isso ou achem isso sério ou chato demais”. Quem participou da terceira reunião, mediada por Roberto Cushman, editor do site e revista A Capa, foi Carla Machado e Julian Rodrigues. O tema da mesa era “Programas sociais e geração de trabalho e renda”. Além de ser uma das rodas que teve mais participante foi também uma das mais polêmicas. Boa parte do debate girou em torno da discussão Carla Machado começou o debate contando um pouco de sua história. “Para mim foi super importante receber apoio dos meus pais, que felizmente me deram condições para que eu chegasse a faculdade e não precisasse me prostituir”. A transex sugeriu que houvesse condições para que travestis e transexuais possam sair da prostituição. Carla contou ainda do preconceito que sofreu numa empresa que trabalhou. “Até ganhava bem, mas tinha que fazer a linha andrógina. A medida que fui subindo de carreira não obtive reconhecimento profissional e quando eu quis ser eu mesma, não pude. Aí, os conflitos aumentaram e eu não fui promovida apesar de minha boa formação, percebi que o caminho para mim era ser autônoma, fui dar aulas por conta, e hoje estou muito feliz”. Julian, presidente da coordenadoria GLBT do PT, deu um panorama geral dos programas sociais no Brasil hoje. Afirmou que é necessário haver pesquisas com intuito de descobrir quais são as necessidades do público GLBT. Suas propostas para a CADS foram de fechar parcerias com a Secretaria de Criação de renda e procurar fazer um levantamento de quantas GLBT são atingidos pelas políticas públicas. Outra sugestão muito cabível era de a CADS atuar junto a servidores públicos do município a fim de diminuir o preconceito e a discriminação no próprio âmbito em que atuam, dentro da esfera municipal e enquanto órgão do Estado. A quarta roda teve a presença de Regina Facchini, vice-presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT e da transexual Fernanda de Morais. A mediação da última sessão ficou por conta do Paco Llistó. O trio levantou questões sobre a visibilidade do movimento e segmento gay. Regina ressaltou a importância de acompanhar de perto qual é o tipo de gay que é exibido pela mídia gay. Agora resta saber quais dessas sugestões serão aceitas e colocadas em prática. Parabéns para a CADS e que venham muitas discussões e atitudes como essa pela frente.

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