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“Mesmo que quisessem, psicólogos não saberiam modificar a orientação sexual”, diz psicanalista

O psicanalista Contardo Calligaris escreveu hoje em sua coluna no jornal Folha de São Paulo um brilhante texto sobre o polêmico projeto de “cura gay”, proposto pelo deputado João Campos (PSDB-GO).

Com argumentos claros, o psicanalista esclarece o por quê tal projeto é um absurdo, visto que "psicólogos e psiquiatras, mesmo que quisessem, não saberiam como modificar a orientação sexual de alguém".

“Tampouco, aliás, eles saberiam modificar a "fantasia sexual" de alguém (ou seja, o cenário, consciente ou inconsciente, com o qual ele alimenta seu desejo)”, afirma Calligaris.

Em seu texto, o psiquiatra contrapõe a ideia de Marisa Lobo, que afirmou que homossexuais têm o direito de serem tratados. Segundo ele, é apenas “possível curar o sofrimento de quem discorda de sua própria sexualidade (é a dita egodistonia), mas o alívio é no sentido de permitir que o indivíduo aceite sua sexualidade e pare de se condenar e de tentar se reprimir além da conta”.

Calligaris ainda exemplifica. “Se eu não concordo com minha homossexualidade (porque ela faz a infelicidade de meus pais, porque sou discriminado por causa dela, porque sou evangélico ou católico), não posso mudar minha orientação para aliviar meu sofrimento, mas posso, isso sim, mudar o ambiente no qual eu vivo e as ideias, conscientes ou inconscientes, que me levam a não admitir minha orientação sexual”.

Por fim, o psiquiatra questiona a ideia do deputado João Campos, que “precisa recorrer à psicologia ou à psiquiatria para prometer sua ‘cura’ da homossexualidade”.

“Ele poderia criar e nomear seus especialistas: que tal 'psicopompos'? Ou, então, não é melhor mesmo "exorcistas"?, ironiza.

Para ler o texto "A cura gay" na íntegra, clique aqui.
 

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