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“Metade da humanidade não sabe que existimos”, diz homem trans do “Amor e Sexo”

Quem assistiu ao programa Amor e Sexo, da TV Globo, que falava sobre a queima de cueca na última semana, se surpreendeu quando um rapaz de óculos e camisa social levantou a placa "Pelo direito de ser homem". E explicou que se trata de um homem transexual.

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"Sou um homem que nasceu em um corpo feminino. Sou um homem transgênero, que nada tem a ver com a homossexualidade. Estou aqui para pedir direitos e respeito por esses homens", declarou, sendo apoiado por Fernanda Lima e aplaudido pela plateia.

O belo participante chama-se Miguel Marques, tem 22 anos, é heterossexual e mora em Salvador. Ele afirma ao A CAPA que desde a mais tenra idade soube que é um homem e que o primeiro choque de sua transgeneridade ocorreu na infância, quando a mãe resolveu colocar um vestido em seu aniversário. Miguel rasgou a peça e apanhou.

Ele declara que, apesar de ser associado e frequentar o "mundo gay", nunca esteve na caixa denominada "lésbica", afinal nunca se viu como mulher. "Pensava: se não é isso, o que pode ser?' Fiz uma pesquisa na internet e vi a notícia de um homem grávido e, depois, sobre o João W. Nery (primeiro transhomem a se operar no Brasil). É isso, me encaixei", lembra ele, que contou com o empurrão da namorada para lutar pela identidade.

"As pessoas ainda confundem identidade de gênero com orientação sexual. É preciso deixar claro que identidade de gênero é a maneira como você se vê: homem, mulher ou os dois. Já a orientação sexual diz respeito à atração. Ou seja, todas as pessoas trans podem ser homossexuais, bissexuais, heterossexuais ou assexuais, assim como qualquer cisgênero (pessoas que não são trans)".

VISIBILIDADE

Durante o programa, Miguel afirmou que todos em seu círculo de amigos, namorada e familiares – com exceção da mãe – respeitam o homem que é. Ele estuda Marketing por EAD, quer prestar psicologia em uma faculdade pública de Salvador e diz estar atualmente desempregado.

"É compreensível, pois a maioria dos trans passa por esse problema quando ainda não retificaram os seus documentos", explica.

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Recentemente, ele foi convidado para ser membro do Comitê Técnico de Saúde Integral LGBT da Bahia e quer lutar pela cidadania de outros iguais. "Pretendo com esta oportunidade ajudar no avanço dos ambulatórios trans do estado", diz.

Ao comentar a participação no "Amor e Sexo", Miguel diz que foi positiva para elucidar o tema. "A metade da humanidade não sabe da nossa existência e os que sabem têm preconceito. A visibilidade é importante para que as famílias passem a nos enxergar como algo normal e não como um bicho de sete cabelos. Somos homens e merecemos ser tratados como qualquer outro", finaliza.

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