Luiz Loures é o brasileiro com grande destaque dentro do Programa de Aids das Nações Unidas (Unaids). O vice-diretor, que espera anunciar o fim da epidemia do vírus até 2030, declarou que a Aids vem crescendo consideravelmente entre jovens gays no Brasil.
"Cerca de metade dos novos casos da doença ocorre entre homossexuais jovens. E o país, que foi o pioneiro na universalização do tratamento, tem agora uma nova possibilidade concreta de ser o primeiro país do mundo a decretar o fim da epidemia se conseguir manejar a questão entre os gays. E isso é uma chance histórica, uma oportunidade única", declarou Loures, que pretende tomar a frente de novas estratégias de combate à Aids.
"Já sabemos hoje que o tratamento é importante para a sobrevida e a qualidade de vida do paciente, mas também como forma de prevenção. Quem se trata não transmite. Felizmente, claro, não temos pessoas morrendo de Aids o tempo todo. Mas, por conta disso, a percepção de risco de um jovem gay hoje não é a mesma dos anos 80 e 90. Então temos que adaptar as estratégias", afirmou o vice-diretor em entrevista ao O Globo.
Segundo o Luiz Loures, falta a inserção do assunto como prioridade para a comunidade gay. O infectologista cita ainda que o debate e a importância em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo deveria ser o mesmo para questões de saúde.
"O casamento gay é um avanço social muito importante. Mas por que não conseguimos também discutir a saúde como um item de agenda da OMS? É um paradoxo", afirma.
Por fim, o vice-diretor da Unaids ressalta novamente a necessidade de um engajamento maior e de novas estratégias de tratamento.
"Eu sou um otimista. Acho que até 2030 já podemos estar falando em fim da epidemia. Não no fim da Aids, claro. Mas da epidemia. Para isso, no entanto, é preciso haver renovação nas estratégias de combate à doença. É como se a epidemia, de certa forma, estivesse se adaptando aos progressos que fizemos. Então, temos que inovar", concluiu.