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Michael Jackson: Rei do pop era também o Rei das doações

Michael era uma figura excêntrica. Gastava rios de dinheiro em vasos, brinquedos, cirurgias plásticas e remédios. Sua dívida, estimada em US$ 500 milhões, é constantemente lembrada em veículos de comunicação de todo o mundo. Mas o rei do pop e da extravagância pode estender seu reinado a um outro campo pouco explorado até agora: o das doações. De acordo com o Guiness Book – Millenium edition (o livro dos recordes), lançado em 2000, Michael foi o cantor que mais promoveu doações, seja de patrocinadores ou do próprio bolso, entre os anos de 1984 e 1999. Em vida, ajudou trinta e nove entidades, envolvidas com as mais diversas causas (de HIV a crianças com fome e até pessoas com problemas psiquiátricos).

Mesmo em declínio financeiro, ele continuaria suas ações nos anos seguintes. Michael fazia ainda visitas secretas a hospitais e tinha quartos especiais no rancho de Neverland, na Califórnia, para crianças em estado terminal. Por que, então, pouco se falou sobre o assunto? Felizmente, não se trata de nenhum tipo de saudosismo ou beatificação de uma figura pública. Trata-se apenas de uma questão de reconhecimento. E bem merecida.

We are the World – USA for Africa

A despeito de todas acusações, incluindo os casos de pedofilia, Michael era um homem que ligava para os problemas do mundo, especialmente com a saúde e proteção de crianças de diversas nações. Ele retratou suas preocupações em canções como Heal the world, Earth Song e Will you be there. Um dos eventos de ajuda mais marcantes, sem dúvida, ocorreu em 28 de janeiro de 1985: o USA for Africa. Na ocasião, Michael e Lionel Richie escreveram We are the World como parte de um single produzido por Quincy Jones para arrecadar fundos e chamar atenção para a situação da fome na África.

O compacto, gravado por quarenta e cinco artistas americanos (Tina Turner, Bob Dylan e Bruce Springsteen e outros), alcançou as paradas de sucesso daquele ano nos Estados Unidos e Inglaterra e vendeu mais de 7,5 milhões de cópias. O total arrecadado, contando ainda o videoclipe mais merchandising, chegou a US$ 50 milhões – doados para a fundação USA for Africa para ajudar vítimas daquele continente.

Michael e a causa do HIV

Muito antes de outros artistas, Michael abraçaria ainda a causa da Aids na época em que a doença era vista com bastante preconceito. Sua luta se tornaria notória principalmente depois da amizade com o jovem Ryan White, com então 17 anos, em dezembro de 1989. Hemofílico, Ryan contraíra o vírus HIV durante uma transfusão de sangue. Foi discriminado, mas com ajuda de Michael e outros famosos, como Elton John, conseguiu lutar contra o preconceito até sua morte prematura em 1990, de insuficiência respiratória. Por conta disso, Michael compôs Gone too soon, que não chegou a virar um hit, mas foi uma bela homenagem ao amigo.

Em fevereiro de 92, durante coletiva no New York Radio City Music Hall, em Nova York, Michael anunciou uma nova turnê mundial para arrecadar dinheiro para a fundação Heal the World, que combatia o HIV, diabetes juvenil e apoiava outras fundações, como a Ronald McDonald e a Make a Wish. No ano seguinte, na cerimônia da posse de Bill Clinton, cantou Gone too soon, chamando atenção para a questão das vítimas do HIV. Em 1994, doou US$ 500 mil à fundação que leva o nome da amiga, a Elizabeth Taylors Aids Foundation.

Estas foram só algumas ações empreendidas pelo rei do pop em prol das mais variadas causas. Faltam muitas outras, sem dúvida. E mesmo depois de morto, ele, supreendentemente, continuaria sua ajuda. Em um suposto testamento divulgado recentemente, o cantor deixou sua fortuna para um fundo familiar, em nome dos filhos e da mãe, e doou parte do dinheiro a diversas instituições não especificadas. Mesmo negando que era homossexual, Michael sem duvida foi um ícone gay. Ele morreria quarenta anos depois de outro mito que causou comoção, a atriz Judy Garland, praticamente na mesma época do levante de Stonewall. Outra coincidência?

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