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Migalhas para os gays

Estamos no mês do orgulho LGBT na cidade de São Paulo e pela terceira vez o tema que regi a campanha da parada e de todas as atividades correlatas ao evento é a homofobia e estamos na iminência da votação do PLC 122, aquele que criminaliza atitudes homofóbicas. Desde declarações verbais até atos de violência e somos obrigados a nos deparar com declarações cara de pau, para dizer o mínimo, do senhor pastor-senador Marcelo Crivella.

À reportagem, que foi publicada no sábado (30/05) pelo jornal O Estado de São Paulo, o senhor Crivella declarou que é apenas contra o inciso que pune as declarações contrárias a vida homossexual. Oras senador, queres subestimar a nossa inteligência? É exatamente este inciso que nos dará segurança para que não sejamos obrigados a ligar a TV e por um mero acidente nos depararmos com um pastor dizendo que somos anti-naturais, que atentamos contra a família e que devemos nos tratar, ou, é claro, nos convertemos a sua religião.

A fala deste sujeito é o tema central deste texto. Pois, vivemos sob a égide de uma sociedade heterosexista, ou como bem classificou Berenice Bento em seu livro "A reinvenção do corpo", heteroterrorismo e é exatamente em falas como a do senador fundamentalista onde residem tais preconceitos. Ou em outros, como bem exemplifica a socióloga: "isso é coisa de bicha!", "menina, se porte como uma mulher". Por detrás dessas determinações é que mora a heteronormativade.

A partir das duas sentenças é que se constrói e fortalece toda uma sociedade programada para rejeitar aquilo que não consta em seu guia e a receita manda meninas brincarem com bonecas e serem fêmeas frágeis prontas a receber o macho viril e dessa maneira perpetuarem a Tradição, Família e Propriedade (TFP). Por isso, quando o ilustre senador-fundamentalista-religioso diz que é "apenas" contra o inciso que criminaliza as "opiniões contrárias a vida homossexual", ele nada mais reforça todo programa que relega os LGBT aos guetos e à margem. 

Portanto é melhor retirar o projeto ou votá-lo com o texto original na íntegra e perder com dignidade. A respeito disso gosto muito de uma fala da desembargadora aposentada Maria Berenice Dias, proferida em uma palestra durante a I Primeira Conferência GLBT à época, que "não podemos nos contentar com algumas migalhas dadas pelo judiciário e pelo legislativo como se fosse um grande favor feito, quando na verdade não fazem mais do que a obrigação".

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