Entre os dia 28 e 30 de novembro, aconteceu em Porto Alegre o 13º EBLGBT, que discutiu a articulação dos grupos de militância, a epidemia de HIV/Aids, avaliou o Programa Brasil Sem Homofobia e apresentou propostas e reivindicações de todos os segmentos da sigla LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis eTransexuais.
Epidemia de HIV/Aids
Na mesa de "Monitoramento do Plano de Enfrentamento da Epidemia Entre Gays, HSH e Travestis e entre Mulheres", Juny Kraiczyk, do Programa Nacional de DST/Aids, abordou a questão dos jovens e afirmou que "essa discussão não faz parte do cotidiano deles". Sobre as travestis disse que "há poucas pesquisas sobre as travestis e Aids e sem pesquisas não conseguimos fazer boas ações".
Brasil Sem Homofobia
O encontrou avaliou também a atuação do programa Brasil Sem Homofobia. A mesa aconteceu sem a presença de Paulo Biagi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, que enviou Edvaldo Júnior como representante. A ausência de Biagi se deveu a demandas internas no órgão.
A ativista indígena, Denise Limeira, abriu dizendo que "os Centros de Referência [de Combate à Homofobia] funcionam e bem, mesmo com poucos recursos". Roberto Seitenfus, do Desobedeça, descordou ao afirmar que foi "um avanço importante, mas que não foi aplicado" e fechou explicando que não viu "nada além de um caderno colorido dizendo que o governo fez".
Fernanda Benvenutty, da Antra, alegou que "tem gente dentro dos Ministérios que se diz parceiro, mas quando é para deliberar não faz nada" e sobre as especificidades das trans, defendeu que "os médicos não sabem o que fazer com uma vagina construída, não dá para tratar saúde de trans como saúde da mulher, mas não é homofobia, eles não estão preparados".
Alexandre Boer foi categórico ao dizer que tem críticas ao Brasil Sem Homofobia. "O Paulo [Biagi] não veio", apontou.
Redes
Na manhã de sábado (29/11), uma mesa foi preparada para falar sobre as Redes de Articulação que existem hoje. Nomes fortes do segmento "T" estiveram no debate, como Keila Simpson, presidente da Antra – Associação Nacional de Travestis -, que ressaltou a importância de "respeitar os militantes que estão chegando agora no movimento". Já Carla Machado, do Coletivo de Trans falou sobre a necessidade de "mulheres trans serem reconhecidas como mulheres de verdade".
Representando o movimento LGBT negro, Negra Cris, da Rede Afro, disse que assumir "ser negro e homossexual é uma coragem" e Silvana Conte, da Liga Brasileira de Lésbicas criticou o "capitalismo" do movimento gay. "As Paradas estão cheias de empresas. Nós precisamos de dinheiro, mas temos que refletir o nosso movimento", ponderou.
Léo Mendes, da ABGLT, fez uma importante reflexão ao lembrar que "o presidente se chama Luiz e é chamado de Lula, porque travesti tem que ser chamado pelo nome de registro?".
Grupos de Trabalho
Durante a noite de sábado foram montados Grupos de Trabalho divididos por gênero para definir propostas e necessidades específicas de cada segmento para apresentação na plenária final, no domingo.
Apenas os GTs de gays e lésbicas apresentaram suas propostas. Janaina Lima justificou a ausência das propostas de transexuais e travestis dizendo que "já temos espaços específicos para discutir nossas necessidades. Por isso não construímos nossas propostas, pois tivemos um encontro há pouco em Salvador [o ENTLAIDS] e fizemos os encaminhamentos".
Dentre as propostas dos Gays, Oswaldo Braga, do MGM, defendia a criação de mais um encontro, o "Encontro Brasileiro de Gays" que seria feito em Juiz de Fora, durante o Rainbow Fest, em agosto de 2009, mas que não obteve sucesso na votação. Ele justificou a necessidade de um "espaço para os gays, pois as travestis já têm um espaço específico".
Algumas travestis contestaram algumas propostas do GT gay, afirmando a necessidade de incorporar as letras que contemplam toda a diversidade. Os apontamentos, no entanto eram específicos de homossexuais masculinos, como políticas de saúde que envolvam proctologistas, urologistas e psicólogos.
*O jornalista viajou a convite da organização