O hotel/sauna Chilli Pepper, o maior hotel só para homens da América Latina- comemorou dois anos de sucesso em São Paulo em 2014. E, para 2015, o empresário Douglas Drumond anuncia que terá a primeira filial do hotel em Belo Horizonte.
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O empresário diz que a escolha por BH, ao contrário de outras cidades gay-friendly, como o Rio de Janeiro, dá-se por uma questão pessoal – ele é mineiro e ainda tem residência na cidade – e também por observar o crescimento econômico do estado e apostar nos gays que vão à cidade trabalhar.
"Além disso, os mineiros têm mais fogo no rabo", diz Douglas, em entrevista exclusiva ao A CAPA. Aqui, ele faz um balanço sobre o Chilli Pepper, clientes, dias temáticos, expectativas, a funcionária Luisa Marilac – sim, a "dos bons drink" – e o casamento com Luiz da Silva para o próximo ano
Confira:
– No fim de ano, todo mundo faz uma avaliação de como passou os 365 dias. Como você avalia este ano no hotel/sauna Chilli Pepper?
Excelente. Não tivemos uma semana sem ser recorde da mesma semana do ano passado. Em média, temos 16 mil clientes por mês e, em dezembro, temos recorde comparado a todos os outros meses. Então, avalio 2014 como um ano excelente.
– Nesta avaliação, percebe que os clientes são fiéis ou rotativos?
Temos clientes fiéis e residentes, que vão três vezes por semana, mas a maioria é rotativo, flutuante. É gente quem vem a São Paulo passear, fazer compra e ir ao Chilli Pepper. Eles correspondem a 60%. E é importante dizer que tenho o feeback direto por meio do Fale com o Douglas, no douglas@douglasdrumond.com.br. Por dia, recebo uns três e-mails, então sei quando o banheiro ficou sujo, quando rolou fila… E isso ajuda a melhor cada vez mais o atendimento.
– Os dias temáticos – para ursos, afrodescendentes… – tem surtido efeito?
Quando você fala de um público específico e de pessoas que gostam dele, você tá falando de todo mundo. Na terça, temos pessoas mais malhadas, mas muita gente que não é malhada vai. Na festa de afrodescendente, os negros arrasam, mas vai muita gente que gosta. Na quinta, que é a dos ursos, realmente vira uma festa temática, pois a comunidade ursina é mais unida. Mas o público do hotel são homens acima de 18 anos.
Em SP, Chilli tem 2,3 mil m, 3 andares, 124 quartos de solteiro
– Uma dúvida, a Luisa Marilac – a travesti dos "bons drink" – continua trabalhando no hotel?
Não só continua como também foi promovida a governanta geral. Ela é responsável por toda governança do hotel. Sou muito agradecido a ela, pois não é um trabalho fácil trabalhar com faxina em 2.300 metros em um espaço que tem essa pegada sexy. Temos uma equipe com 80 funcionários, 9 ou 10 travestis, e eu fico muito satisfeito por trabalhar com travestis e adoro trabalhar com elas. Luisa, por exemplo, é uma funcionária ótima.
– Para 2015, qual é a expectativa para o hotel em SP?
Expandir o prédio, crescer, aumentar. Ter mais cabines de solteiro, por exemplo, pois as suítes vivem lotadas. Fora isso, por termos essa grande rotatividade de clientes, estamos sempre em movimento. Hoje, estou refazendo o piso da sauna seca toda, o piso do estacionamento…
– O que te levou a escolher BH, sendo que talvez o Rio ou Salvador sejam considerados cidades mais gay-friendly?
Realmente quando falamos em turismo de lazer gay falamos em Rio, São Paulo… Mas Minas Gerais tem um turismo de negócios imenso, desenvolveu na área econômica e eu aposto nos gays que vão para lá trabalhar. Também foi uma realização pessoal, pois tenho casa, amigos, a minha mãe mora lá. E também porque foi onde rolou, sinceramente. Cheguei a procurar no Rio, mas por não poder ser muito afastado os imóveis são caríssimos. A expectativa em Minas é a melhor possível.
– Existe diferença entre clientes mineiros e paulistas?
Cada um tem a sua peculiaridade, claro. O mineiro tem mais fogo no rabo, o paulista é mais comedido. Talvez até por uma questão geográfica. No Rio de Janeiro, por exemplo, por conta das praias, as pessoas andarem de sunga, sem camisa, tudo ser mais aberto, as pessoas também são mais abertas. Como Minas está cercado por serras, todo mundo é mais tímido, fechado e, entre quatro paredes, mais louco por sexo e com mais fogo no rabo que o paulista e o carioca.
"O mineiro tem mais fogo no rabo e o paulista é mais comedido"
– Qual é o espaço e quando pretende inaugurar?
São 1.200 m² de área construída na região da Savassi -, que terá 80 cabines de solteiro, três suítes e armários de academia. Teremos sauna a vapor, sauna seca, piscina de verão, piscina resfriada com sauna a vapor, piscina aquecida com cascata, bar, cinema, butique com as melhores marcas gays do mundo, além do som do DJ Anderson Noise. Vamos inaugurar incialmente no carnaval e com preço lá em baixo porque ainda estaremos em obras. Tudo deve ficar prono em agosto para a Parada do Orgulho LGBT.
– Mudando um pouco de assunto. Ainda para 2015, você anunciou que vai se casar… É a primeira vez?
É a primeira. Já fiz um contrato de união estável com o Luiz, pois estamos um ano morando juntos. Vamos nos casar no religioso no dia 14 de março, na Igreja (Lutherana) Escandinava, em São Paulo. Decidi porque, depois de tanto lutar para casar, a gente deve cumprir as regras, né? Já temos buffet, as pastoras, o coral, a banda, DJ…
– Qual é a emoção de se casar?
São muitas emoções, porque sempre sonhei em casar. Já morei junto antes, cheguei a bordar o enxoval, mas agora estou tendo essa realização por completo: festa, enxoval, casamento religioso, lista de convidados… Hoje, o sentimento não é mais repressivo. A primeira vez que eu morei junto, se eu pensasse em me casar desta maneira, eu mesmo teria uma sensação retraída. Agora, não tenho mais, porque a sociedade me permite não ter (em 2013, o Conselho Nacional de Justiça igualou o casamento homoafetivo ao hétero) e não percebo olhar negativo de ninguém. É uma felicidade muito grande e eu acho que você deve frequentar mais a sauna para encontrar um namorado e se casar também (risos).
– (risos). Está certo.