Reprodução de mensagem homofóbica no Twitter
O Ministério Público Federal (MPF) informou na tarde desta quinta-feira (18) que instaurou procedimento investigativo para apurar a troca de mensagens homofóbicas, de incitação ao ódio, postadas no perfil @homofobiasim e replicadas no microblog pela hashtag #homofobiasim.
Procurado pela reportagem do site A Capa, o Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias, disse que existe uma limitação pelo fato de o Twitter estar hospedado em servidores nos Estados Unidos, mas que a investigação será feita após a denúncia de um usuário do microblog.
Após instaurado o procedimento investigativo, o Ministério Público Federal enviará ofício aos administradores do site, solicitando explicações. O MPF poderá eventualmente exigir a exclusão do perfil homofóbico. "O fato é lamentável, é uma involução, um retrocesso. O caso precisa de uma resposta firme", falou o procurador.
Criado em 2008 com outro nome de usuário, o perfil @homofobiasim já tem mais de 15 mil seguidores. Na chamada "bio" do perfil, a ignorância impera: "A maioria dos homossexuais pouco ou nada acrescenta para a sociedade. São eles os responsáveis pela propagação de DSTs no mundo."
Como resposta às mensagens homofóbicas, uma campanha do perfil @homofobianao conseguiu colocar a tag #homofobianao no segundo lugar dos Trending Topics, os tópicos mais comentados do Twitter. O perfil de apoio à comunidade LGBT foi criado em 2009 para pressionar pela aprovação do PLC 122, que criminaliza a homofobia no país, e se mantém atualizado com notícias sobre os direitos dos homossexuais.
Disseminados em várias páginas do Twitter, os ataques atingiram também o perfil @homofobianao. "Homofóbicos chegaram a mandar mensagens de ódio para o nosso perfil no Twitter, mas recebemos, em contrapartida, maioria esmagadora de mensagens de apoio", explicam os administradores ao A Capa. "Ficamos tristes com as incitações de ódio, principalmente porque muitas pessoas utilizam a religião como justificativa para a homofobia."
Com amplo apoio, os internautas chegaram a levar o caso ao site Safernet, que encaminha as denúncias diretamente ao Ministério Público. "Acreditamos piamente que, unidos, vamos mostrar ao Brasil que homofobia é coisa séria e que só o PLC 122 pode proteger os homossexuais e garantir seus direitos", torcem os administradores do @homofobianao.
Uma série de reproduções de mensagens homofóbicas foram compiladas num vídeo, que está disponível no YouTube. Assista abaixo e proteste você também: #homofobianao.