Pois é… são 15 anos de espera.
15 anos… e ela resolve vir justamente quando estou dura feito casca de coco.
Mamãe já dizia: “filha, pare de pedir trabalho e comece a pedir dinheiro. O Cósmico atende exatamente àquilo que a gente pede”. E eu não aprendo. Trabalho abunda, mas dinheiro que é bom, tá faltando faz tempo.
Olhei em volta, procurando o que eu poderia vender, mas tudo o que eu tenho de valioso eu preciso para trabalhar: meu computador e meu fone de ouvido.
Pensei em vender um rim, mas este eu vou economizar para ver algum show fora do país.
Outra alternativa seria vender meus cabelos, mas acho que com o comprimento que estão, eu conseguiria no máximo o dinheiro para a pipoca.
Então, só restou meu precioso mizuage*. Como uma orgulhosa Lésbica Pomba Branca (as que nunca foram penetradas por homens), meu mizuage é o que tenho de mais valioso.
Decidi que o preço começa em R$ 600,00. Já que é para fornecer meu mizuage, que seja por um ingresso na ala VIP. E o que passar disso uso para o táxi e o cachorro quente no estádio.
Mas não vá pensando que será fácil assim. Quem arrematá-lo terá que me levar para jantar, de preferência em algum restaurante japonês bem caro (para ir entrando no clima) e antes de me deflorar, me dar muito beijo na boca. Tá achando que eu vou dar meu mizuage pra qualquer uma?
Nã, nani, nanão. Não é todo dia que se pode ter o mizuage de alguém, ainda mais o meu.
E, assim, confirmo o que conversava com Dri Quedas um outro dia: todo mundo tem um preço.
E o meu, equivale a um ingresso para o show da Madonna.
E tenho dito.
* Mizuage – cerimônia na qual a virgindade de uma gueixa era leiloada