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Morre Larry Kramer, o dramaturgo e ativista que ajudou os EUA a encararem a epidemia de aids/HIV

Larry Kramer
Foto: reprodução/Times Newspapers/

Morreu nesta quarta-feira (27), em decorrência de uma pneumonia, o dramaturgo, roteirista e escritor norte-americano Larry Kramer, que ajudou a mudar a percepção dos Estados Unidos a respeito da aids/HIV. Ele tinha 84 anos.

Por meio do ativismo pelos direitos dos LGBT, Kramer transformou as letras americanas ao retratar em sua obra o cotidiano e a realidade política dessas pessoas.

Kramer escreveu a comédia romântica do filme Mulheres Apaixonadas (1969), trabalho pelo qual foi indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado. Com o romance satírico Faggots, publicado em 1978, ele causou furor até mesmo no meio gay, por mostrar personagens homossexuais com estilos de vida repletos de promiscuidade e uso recreativo de drogas.

Seu trabalho mais popular e aclamado é a peça The Normal Heart (1985). O texto, de cunho autobiográfico, aborda a epidemia de aids/HIV na Nova York do início dos anos 1980 e é conhecida pela “fúria”, como disse a crítica do New York Times na ocasião de estreia da peça, causada pela indiferença – claramente motivada por homofobia – da classe política às mortes de gays com o vírus.

Naquela década, ele ajudou a fundar a GMHC (Gay Men’s Health Crisis), maior organização privada que dá suporte a gays com aids/HIV, o ACT UP, movimento político organizador de protestos a favor de tratamentos e pesquisas sobre o vírus, e foi diagnosticado como soropositivo, embora nunca tivesse apresentado sintomas.

A obra foi adaptada pelo próprio Kramer para um filme da HBO lançado em 2014, dirigido por Ryan Murphy (criador das séries Glee Pose) e protagonizado por Mark Ruffalo, Julia Roberts e Matt Boomer, entre outros. Kramer venceu um Emmy pelo trabalho.

Em 1993, ele foi finalista do Pulitzer de drama e venceu o disputado prêmio Obie pela peça The Destiny of Me, cujo protagonista é Ned Weeks, o mesmo de Normal Heart, um escritor e ativista que se submete a um tratamento experimental para aids.

Kramer morreu em Manhattan, Nova York, e deixa o marido, David Webster, com quem se casou em 2013 após quase 30 anos de relacionamento. O autor já havia se recuperado de doenças hepáticas e teve fígado transplantado.

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