Recentemente, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), instituto de saúde pública dos Estados Unidos, anunciou uma mudança significativa em suas diretrizes que proíbe o uso de termos como ‘gender’, ‘LGBT’, ‘transgender’ e outros relacionados em publicações científicas. Essa decisão, resultado da crescente influência da administração de Donald Trump e sua luta contra o que ele chama de ‘woke’, levanta sérias preocupações sobre a integridade da ciência e a saúde pública. Especialistas, como o professor Joost Wiersinga do Amsterdam UMC, expressam que essa censura representa um retrocesso para a pesquisa científica, enfatizando que a saúde pública deve ser baseada em dados objetivos, e não em ideologias políticas. Wiersinga ressalta que a inclusão de características demográficas, como gênero e orientação sexual, é crucial para entender e tratar doenças, citando o exemplo do mpox, que afetou desproporcionalmente homens gays.
Além disso, Geertje Mak, professora de história política de gênero, alerta que essa censura não apenas prejudica a ciência nos EUA, mas também pode ter repercussões na Europa e na Holanda. A proibição de termos essenciais para a pesquisa científica pode dificultar a visibilidade e a emancipação de grupos marginalizados, colocando em risco a liberdade acadêmica. Embora a influência desse movimento anti-woke ainda não esteja afetando diretamente a pesquisa na Holanda, Mak enfatiza a importância de apoiar cientistas que enfrentam essas restrições.
Com a crescente pressão para eliminar vozes divergentes e censurar terminologias, a comunidade científica deve se unir para garantir que a pesquisa permaneça livre e acessível. O RIVM (Instituto Nacional de Saúde Pública e Meio Ambiente da Holanda) também está monitorando essa situação, embora não haja indicações imediatas de que a censura nos EUA impacte suas publicações. No entanto, a possibilidade de que essas práticas se espalhem é uma preocupação que não pode ser ignorada. O futuro da pesquisa científica e da saúde pública depende de nossa capacidade de resistir à censura e proteger a integridade da ciência em todas as suas formas.
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