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“Muitas travestis estão na rua, mas querem sair”, diz Salete Campari

Salete Campari é uma das drag queen mais conhecida da cidade de São Paulo. Figura adorada da noite paulistana, ela tem um outro lado que é o político. Salete Já foi candidata a deputada estadual em 2006 e a vereadora no ano passado.  Não se elegeu em nenhuma das campanhas. Já é pré-candidata a deputada no ano que vem e dessa vez dentro de um partido grande, o Partido dos Trabalhadores (PT).

Como noticiamos com esclusividade na semana passada, a drag agora dá mais um passo em sua atuação política e lança uma ONG, a D’verdade. O nome é provisório e o mesmo de seu programa. Sobre o grupo Salete contou que pretende levantar fundos a partir dos filados e de eventos para não ficar na dependência de verba do governo. O foco do trabalho será as travestis e as transeuxais que, segundo Salete, têm vontade de deixar a rua. "Falta a oportunidade e é aí que entra o nosso trabalho. Mostrar para elas com chegar até o trabalho", diz.

Qual o nome da ONG?
A principio é D’verdade.  Agora nós estamos procurando saber se já existe esse nome, se ele já está registrado, pois é o nome do meu programa também. Na semana que vem nós vamos nos reunir novamente pra decidir.

E como as pessoas podem participar da ONG?
A princípio montamos uma equipe, mas queremos que todo mundo participe. Digo a princípio por que ainda não temos espaço para se encontrar, mas eu falei com o Lula (Ramires, do Grupo Corsa) e por enquanto iremos utilizar o espaço deles. A primeira reunião foi feita no bar Queen, mas iremos usar outros espaços até termos bastante associados e possuirmos o nossa sede.

Como vocês pretendem levantar verba para a ONG?
Nós queremos ter bastante filiados, nem que seja um, dois reais por mês, mas que a gente possa bancar um espaço para receber as pessoas. No primeiro encontro foi o [Manoel] Zanini (tesoureiro da Associaçao da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo), o Lula [Ramires, do Corsa), o Julian Rodrigues (Grupo Corsa), foi todo mundo. A grande realidade é que nós queremos um espaço diferente de todos os outros, onde as pessoas possam de verdade ir, fazer parte e dar a sua opinião. Queremos  levantar verba e não ficar precisando toda hora do governo.

Alem dos filiados, como vocês pretendem levantar verba para a ONG?
Com eventos, festas, é isso que a gente quer. Todo evento que a gente for fazer vamos precisar de apoio para que se divulgue e aconteça. Pois nada acontece no movimento se não tiver dinheiro do governo. Também é importante dizer que não vai ser a "ONG da Salete", queremos todo mundo junto, será a ONG de qualquer um que se filiar.

Você declarou que o foco da ONG será as transexuais e as travestis. Como ajudá-las?
Quando se fala de trabalho pra transex e pra travesti, todo mundo pensa em prostituição e cabeleireiro. Falta para essas meninas ter o apoio. Há meninas que querem sair da prostituição, mas é preciso ensinar outra profissão, então nós vamos correr atrás para colocar na escola. Tem várias travestis que estão na rua e nunca tiveram um emprego. Como ir atrás de um emprego? Então mostrar para elas como ir atrás de um trabalho, como se vestir, como se comportar. Vamos supor que uma fale: eu quero trabalhar na área da informática. Até a travesti chegar lá, esse vai ser trabalho da ONG, fazer com que elas cheguem lá e não sejam tão discriminadas. Mas não queremos que a travesti deixe de ser como é, ou mude o jeito dela ser. Mas, para cada firma, cada emprego, a pessoa precisa se preparar. Precisa mostrar pra essas meninas de 14, 15 anos que estão na rua como correr atrás das coisas. Muitas estão na rua, mas muitas querem sair.

Você é candidata a deputada estadual. Qual a sua opinião desse início da Cads estadual?
A gente sempre espera mais. Eu esperava que a Cads estadual viesse a superar a municipal e isso não está acontecendo.

Você acredita que o governo estadual pretende dar mais poder para o órgão?
Deveria. É um dever do governo de São Paulo fazer com que essa Cads estadual funcionasse muito bem, até mais do que a municipal. Esta é a referência hoje quando vai se falar de diversidade, eu não vejo isso na estadual, apesar de gostar demais do Dimitri (Sales, Coordenador), eu não sei até onde a Cads estadual tem o poder de fazer eventos, se tem ou não verba… Ainda não sabemos de nada. O meu sonho é: os municípios que tem mais de 100 mil habitantes deveriam ter uma coordenadoria. Vou dar um exemplo, o município de Carapicuíba, que tem 500 mil habitantes e 14 gays foram assassinados…

E o assassino ainda está impune.
Pois é. Isso é um dever da estadual, de fazer com que isso fosse colocado em pratos limpos. As coisas só vão mudar quando toda a comunidade gay começar a se unir e a gente começar a cobrar os nossos direitos.      

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