Da próxima vez que te disserem que mulher com mulher dá jacaré desconfie dessa afirmação. Na 4ª Parada Lésbica de Brasília, que aconteceu em 31 de agosto, Mulher com Mulher deu Política. Não para menos esse foi o tema do evento que teve como objetivo conscientizar a comunidade lésbica e de mulheres bissexuais sobre a importância de participação política nos movimentos sociais, partidos políticos, espaços de controle social do Estado e dos governos.
De acordo com a Associação Lésbica Feminista Coturno de Vênus, a Parada atraiu mais de sete mil pessoas que andaram da 505/506 sul até o estacionamento da Biblioteca Nacional. Para Jandira Queiroz, integrante da Sapataria – Coletivo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais do Distrito Federal, o Governo ainda atua de forma muito tímida quando se trata de combater o preconceito. “Ainda somos muito desprezadas e não temos políticas de saúde, segurança e educação”, afirma.
A integrante do Coturno de Vênus, Andréia Augusta, explica que a Parada é importante para o DF porque consegue dar visibilidade a lésbicas e mulheres bissexuais que não têm seu espaço constituído por não serem assumidas. Nesses eventos, essas mulheres (in)visíveis conseguem ser ouvidas e podem reivindicar os direitos negados.
Houve ainda shows ao vivo com as cantoras Ellen Oléria, Tanarrê, Andréia Augusta, Michelle Lara, Michele Nogueira e Juliana Muller. Além de apresentações com as DJs Telma & Selma, She-ra e Xena, Lee e Ana, Andie e Háll.
Texto que não foi lido
Infelizmente nem tudo foram flores na 4ª Parada Lésbica de Brasília. Daniela Marques, integrante do grupo Sapataria, não pode ler o texto que havia preparado. O motivo: ela teve que registrar uma ocorrência de AGRESSÃO FÍSICA CONTRA MULHERES PARTICIPANTES DA PARADA na Delegacia de Pequenas Infrações. Jovens que não quiseram ser identificadas por serem menores de idade relataram para Daniela que um homem, que estava tirando fotos na Parada, não quis apagar as imagens onde elas apareciam. De acordo com Daniela essas meninas não eram assumidas na família e, portanto, não queriam ser fotografadas.
Mesmo sendo um espaço público a Constituição garante a proteção ao direito à intimidade. Sugere-se que nesses casos onde houver abuso de poder, que a vítima anote o registro profissional do fotógrafo ou do fotojornalista para poder se defender.
Mas não foi esse o caso de Daniela. O homem não estava atuando em serviço e ainda mentiu diversas vezes sobre a finalidade de estar tirando fotos e de não querer apagar as imagens. Quando Daniela pediu que ele apagasse algumas fotos o meliante reagiu da pior forma que existe, com socos e pontapés. Entretanto, apesar de terem perdido o final da Parada Lésbica, o episódio acabou bem: o agressor foi fichado e agora tem antecedentes criminais. A partir de hoje, pensará duas vezes antes de agredir outra pessoa qualquer, especialmente se for mulher. E lésbica.
Atividades complementares do Mês da Visibilidade Lésbica
Se a Parada Lésbica foi a cereja do bolo do Mês da Visibilidade, todos os outros ingredientes podem ser resumidos pelas atividades que antecederam o evento.
Durante todo o mês de agosto a Coturno de Vênus e o coletivo Sapataria organizaram uma programação diversa que envolveu eventos culturais, de esporte e lazer além de debates sobre questões políticas e que fortaleceram a cidadania das lésbicas e mulheres bissexuais no Distrito Federal e entorno. Entre as atividades, campeonatos de futebol, truco e sinuca, mostra lésbica e filme, debates, aulas de defesa pessoal para mulheres e muito mais.
Para mais informações, visite http://sapatariadf.wordpress.com.