in

Mulheres no comando

Que temos uma mulher presidente não é novidade, isso já sabemos desde outubro com o término das eleições quando a candidata eleita, Dilma Rousseff, se inspirou em Obama e disse que "sim, elas podem". Mas, ficou a dúvida, será que realmente as mulheres teriam um papel protagonista neste governo?

Dilma havia prometido um governo mais feminino. Cumpriu e chamou nove mulheres para compor os ministérios: Helena Chagas, Comunicação; Miriam Belchior, Planejamento; Teresa Campello, Desenvolvimento Social; Ideli Salvatti, Pesca; Maria do Rosário, Direito Humanos; Iriny Lopes, Mulheres; Luiza Bairros, Igualdade Racial;  Ana de Holanda, Cultura; Izabella Teixeira, Meio Ambiente.

Com isto este governo já entra para a história como o mais feminino do Brasil. Tem gente que opina tal fato não fazer nenhuma diferença. Em termos de resultados ainda não dá pra falar, mas em termos simbólicos significa muita coisa. Visto que vivemos em uma cultura onde a mulher ainda é subjugada e assassinada pelo simples fato de pertencer ao gênero feminino. Não é o fim do sexismo, mas é um caminho para tal. Hoje as mulheres podem se orgulhar e dizer ao seu marido machista: governamos este país.

Mas façamos um recorte para três mulheres do primeiro escalão que viraram noticia nas ultimas duas semanas: Maria do Rosário e Ana de Holanda enquanto ministras. Marta Suplicy enquanto senadora e representante do governo. Tudo indica que ela vai terá um papel protagonista no Senado. Pois bem, mas por que foram noticias?

Surpreendendo a todos a nova ministra dos Direitos Humanos em seu discurso de posse disse em alto e bom som que irá lutar pela aplicação do Plano Nacional de Direitos Humanos III (PNDH III) e pediu ao congresso que aprove a Comissão da Verdade, que visa investigar e tirar a limpo a história de militantes esquerdistas que foram assassinados ou desapareceram durante a ditadura militar e que até hoje segue sem solução.

Logo de cara o General José Elito Siqueira declarou que a questão dos desaparecidos da ditadura é "um fato histórico", ou seja, algo que não se deve tocar. Dilma, como pressa política e torturada, pediu explicações do General a respeito de suas declarações, o mesmo disse que havia sido "mal interpretado pela imprensa". Ponto para a ministra do Rosário,que por conta de sua coragem ganhou sinal verde da presidente para tocar o assunto.

Quando anunciado o nome de Ana de Holanda para a pasta da Cultura a grande imprensa logo correu para fazer o papel que está acostumada: deboche. Primeiro disseram que Ana era uma "burocrata da cultura e insignificante na música". E que sua indicação se deve ao fato de ser irmã de Chico Buarque. Machismo puro que Ana soube lidar bem e com muita fineza, o que lhe parece ser característico. Mas não parou por aí, no dia de sua posse alguns jornais chamaram a solenidade de "farofada"… A vida é dura.

E, a senadora eleita por São Paulo, Marta Suplicy, mostrou a que veio logo que ganhou e foi entrevistada pelo jornal Folha de São Paulo. Debateu temas como aborto e defendeu a criminalização da homofobia, adoção e união civil para homossexuais. Já Sabemos quem será a próxima vitima de patrulha obscurantista "religiosa". E mais recentemente, Marta assumiu o compromisso de colher assinaturas para evitar o arquivamento do PLC 122.

Portanto observamos até aqui que são as mulheres que estão assumindo os temas polêmicos e que mexem com as estruturas conservadoras do Brasil: direitos LGBT, a verdade sobre os crimes da ditadura e a cultura. Agora é observar o caminhar da carruagem e ver se estes disparos iniciais irão continuar. O clima nos leva a acreditar que sim.

O que se nota é que a presidente Dilma está dando respaldo, faz assim valer a estratégia que anunciou durante as eleições: temas "polêmicos" não sairá do gabinete da presidência da república, o que não quer dizer que não terão o apoio da governante.

Juiz concede a lésbicas direito de registrar os filhos com o nome das duas mães

Vera Fischer vai interpretar lésbica no teatro