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Músicos se reúnem para formar coral gay no Rio

O Brasil poderá ter em breve seu primeiro coral gay. A iniciativa é do norte-americano James Paul Telles, de 44 anos, que já fez parte do Gay Men´s Chorus de Los Angeles (foto), um dos mais importantes do mundo. Em 2006, o grupo esteve no país, onde realizou apresentações no Rio de Janeiro.

Vivendo há quase 10 anos na capital fluminense, Jim, como prefere ser chamado, diz que sente falta de projetos que ajudem a dar visibilidade à comunidade LGBT no Brasil. "A música é uma linguagem universal, e no início da luta pelos direitos homossexuais nos EUA, vários grupos de mulheres e homens fizeram o uso dela para divulgar suas causas", lembra o norte-americano.

Corais de lésbicas, gays ou mistos são uma realidade na terra natal de Jim. Todos os anos, eles participam do GALA, festival mundial de coros LGBTs, que chega a reunir mais de 5.600 integrantes de 134 coros, representando sete países. Este ano, o evento acontece na cidade de Columbus, no estado de Ohio, entre os dias 3 e 6 de setembro.

A ideia de formar um coral  gay no Brasil ainda está em seu estágio inicial. De acordo com Jim, além das dificuldades óbvias, como buscar eventuais patrocínios, algo que poderá inviabilizar um projeto desse tipo no país é a discriminação contra os homossexuais. "Em Los Angeles, temos uma longa tradição de atividades comunitárias para os gays, incluindo ligas de esportes e grupos musicais. Sinto falta disso por aqui", confessa.

O norte-americano acredita que, apesar de o preconceito ser um empecilho, a música tem o poder de unir as pessoas. "Uma de suas melhores características é que a música não apresenta ‘ameaça’. Assim, aqueles que não se identificam com nenhum aspecto, sobretudo o político, da comunidade gay, sentem-se confortáveis em assistir a um show de música, mesmo que a apresentação seja de artistas lésbicas ou gays", defende Jim.

Para que a ideia dê certo por aqui, Jim precisa encontrar ainda um diretor musical e um pianista, e, claro, cantores. Mas, até o momento, o interesse é restrito. "O nosso alvo é modesto: gostaríamos fazer ‘caroling’ [tradição europeia de andar pela rua e cantar músicas de Natal] em dezembro em lugares como a Farme de Amoedo e talvez no Central do Brasil na hora do rush", revela o norte-americano. "Já temos a música do meu antigo coral e pretendemos falar com o grupo Arco-Íris para saber se podemos ter um estande na parada gay em outubro", acrescenta.

Jim ressalta que o grupo não fará distinção de gênero e que, portanto, as mulheres lésbicas também são benvindas. "Mesmo que a intenção seja reunir cantores homens, em outros grupos já existem diretores musicais que são mulheres. Isso é para dizer que, se houver uma mulher interessada em ser nossa diretora musical, que tenha as habilidades necessárias, temos interesse em falar com ela", destaca.

E, mais uma vez, Jim lembra a importância de se ter um coral gay em um país como o Brasil. "Aceito o fato de que talvez poucas pessoas defendam a necessidade de um grupo assim aqui, tão político, tão fora do padrão da comunidade gay. Só que, em 1968, às vésperas do levante de Stonewall, em Nova York, pensávamos assim. Não quero insinuar que todos os avanços no mundo gay são oriundos desses grupos nem que os Estados Unidos criaram sozinhos todos os avanços. Quero dizer apenas que ter participado de atividades como o coral contribuíram muito para o meu desenvolvimento como um homem gay inteiro e feliz", conclui.

Interessados em se somar à ideia podem procurar pela comunidade no Orkut – Coral de Cavalheiros Cariocas – para obter mais informações ou então escrever para o e-mail coral.de.cavalheiros.cariocas@gmail.com. Afinados ou desafinados, mãos à obra!

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