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Na Indonésia, Transgêneros são acolhidos por escola religiosa mulçumana

Quando a religião protege mais que a lei

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De acordo com seu líder, a Al Fatah Pesantren é a única escola religiosa muçulmana, ou madraçal, no mundo destinada a transgêneros.

A escola foi fundada por Shinta Ratri, que tem 53 anos e é também sua diretora, com outras mulheres transexuais, dois anos depois de um grande terremoto ter devastado a cidade.

Yuni Shara, 48, disse que aqui encontrou uma aceitação que não encontra nas mesquitas locais. "As pessoas me olhavam com espanto na mesquita", disse. "Apontavam para mim e diziam 'ela é transexual'."

As mulheres transgênero são conhecidas na Indonésia como "waria". As waria fazem parte da cultura javanesa há muito tempo, mas vivem às margens da sociedade. Podem tornar-se cabeleireiras, dançarinas e, às vezes, até artistas pop. No entanto, muitas trabalham nas ruas, pedindo esmolas ou se prostituindo.

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"Sempre fui devota", disse Edo, 39, trabalhadora sexual. Depois de sair com clientes na noite de sábado, ela muitas vezes vai ao madraçal aos domingos para orar. "Não existe contradição."

Embora a finalidade principal da escola seja proporcionar um lugar aberto para oração, disse Shinta, outro objetivo é usar o islã para defender os direitos dos transgêneros. As leis indonésias não os protegem contra a discriminação ou o assédio no local de trabalho.

Para levantar dinheiro para aulas de árabe, Shinta e muitas das alunas estudam dança tradicional javanesa, que fazem em casamentos e outras cerimônias.

A maior organização muçulmana do país, Nahdlatul Ulama (N.U.) tem dado grande apoio ao madraçal Al Fatah Pesantren, segundo Shinta. A N.U., que tem 50 milhões de membros em Java, segue o islamismo javanês tradicional, com suas interpretações de maneira geral lenientes das leis islâmicas e sua ênfase sobre a tolerância.

"A cultura javanesa é muito mais aberta às questões de gênero, porque o povo javanês já conhecia as transexuais muito antes da chegada do islã", disse Shinta.

Perguntada sobre o lugar dos transgêneros no islã, ela põe uma cópia do Alcorão sobre a mesa e aponta para trechos que, afirma, comprovam que Maomé se preocupava com o bem-estar dos transgêneros.

"É a prova! Ele se importa conosco!", exclamou, apontando para um trecho sobre um homem que não deseja mulheres. "Isso é transgênero, é gay."

Fonte: Folha de São Paulo

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