Medalha de Ouro na modalidade lacração!
+Jornalista cria emboscada para tirar atletas do armário e expõe conversas de aplicativo
Amini Fonua, atleta do Tonga – onde ser homossexual é crime com pena de até 14 anos de prisão – desabafou no Twitter em grande estilo!
Para quem não sabe, um jornalista do site americano Daily Beast resolveu que seria uma boa ideia usar o Grindr, um aplicativo para encontros gays, na Vila Olímpica, no Rio de Janeiro – mas o jornalista é heterossexual e estava ali para expor conversas privadas em forma de matéria caça-cliques. “Tirou do armário”, inclusive, atletas de países onde ser homossexual é proibido. O texto dele movimentou a internet e gerou reação de Amini Fonua, um nadador do Tonga.
“Ainda é ilegal ser gay no Tonga, e embora eu seja forte o suficiente para ser eu mesmo diante do mundo, nem todas as pessoas são. Respeitem isso”, desabafou o nadador, em uma chuva de tuítes emocionados. Ele continuou: “Nenhum heterossexual jamais saberá a dor de revelar sua verdade e tirar isso é simplesmente… eu não consigo. Literalmente isso me leva às lágrimas. Imagine o único espaço onde você se sente seguro, o único espaço onde pode ser você mesmo, arruinado por uma pessoa hétero que acha tudo uma grande piada?”
‘Vão se f…’
Fonua também se dirigiu diretamente ao jornalista e à publicação: “Você me dá nojo. Consegue imaginar quantas vidas você acaba de arruinar sem nenhuma razão além de jornalismo caça-cliques? Vão se f. com seu privilégio branco, masculino e heterossexual oprimindo pessoas no armário que não conseguem viver sua verdade ainda. Vocês nos arruinam”. No Instagram, postou um bundalelê irônico: “Dá um beijinho e sai fora! #orgulho”
Fora do ar
Depois dessa lapada, restou aos editores do site remover o conteúdo. Na nota, explicaram que tratava-se de medida sem precedentes. Inicialmente tentaram apenas apagar os traços que pudessem identificar os atletas. “Nossa primeira reação era de que a remoção do texto na íntegra não era necessária. Estávamos errados. Sentimos muito. E pedimos desculpas a todos os atletas que possam ter sido comprometidos com a publicação. Nós erramos. Melhoraremos”.
Pena de morte
Setenta e três países do mundo (ou 37% do total de membros da ONU) punem penalmente as relações homossexuais. O dado é da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bi, Trans e Interesexuais (Ilga, na sigla em inglês). Em 2016, ainda há países que praticam a pena de morte nesses casos