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Não deu

Ela é a pessoa que você vem pedindo em todas as preces desde a sua adolescência. A personificação da mulher que você pediu a Deus (ou a qualquer outra entidade na qual acredite).

O namoro começa cheio de promessas de um relacionamento perfeito. Afinal, era assim que tinha que ser, não é todo dia que a mulher da sua vida entra, efetivamente, nela.

Os estranhamentos começam cedo demais, mas você diz a si mesma: normal, ninguém é perfeito e não somos todos iguais.

Estranhamentos são realmente naturais. Passamos por um período de adaptação ao outro em qualquer tipo de relacionamento, mas os estranhamentos entre vocês persistem por um período além do normal.

Quando vocês percebem, a relação se transformou em um campo de batalhas e vocês já não são mais um casal, mas gladiadoras em um duelo sem fim.

As agressões são constantes, o clima tenso é perene e, ao invés de ter prazer ao lado dela, a convivência se torna insuportável.

– Mas, como? – Você se pergunta incrédula – Ela é a mulher da minha vida!

Neste momento você se vê diante de duas escolhas: continuar e lutar até suas últimas forças para que a situação entre no eixo, correndo o risco de chegar ao ponto de perder totalmente o respeito, a paixão e a admiração pela pessoa ou abandonar o navio antes que ele afunde de vez e salvar, ao menos, a amizade.

Por que alguns relacionamentos que poderiam ser perfeitos não dão certo?

E, derrotada pela verdade que se descortina na sua frente, você é obrigada a aceitar: não deu.

Há quem acredite em destino e alegue que se não deu certo, é porque não tinha que ser.

Eu, particularmente, acredito que este tipo específico de situação está relacionado com o momento de vida de cada uma.

Ela pode realmente ser a mulher perfeita, aquela que você sempre quis ao seu lado, mas você ou ela podem não estar preparadas para uma relação naquele momento.

Pode existir amor, carinho, desejo, tesão, paixão… se não houver disponibilidade para um relacionamento, nada disso será suficiente para manter duas pessoas juntas.

Inconscientemente, acabamos afastando a pessoa através de brigas, discussões, discordâncias absurdas e, algumas vezes, até traição, porque não nos sentimos capazes de terminar um relacionamento que acreditamos, poderia ser perfeito.

E assim, vamos machucando a outra e a nós, pelo simples fato de não conseguirmos enxergar que não estamos prontas para um namoro.

Aceitar que a mulher perfeita está, finalmente, ao nosso lado, mas que não estamos prontas para ela exige uma força sobre-humana.

Abrir mão de alguém que possui todas as qualidades (e até defeitos) que você admira é de uma dor tão profunda que chega a sufocar.

Nós, por natureza, não aceitamos perder e a idéia de “perder” uma pessoa especial é insuportável.

O que não conseguimos perceber é que não se trata exatamente de “perder”. Abrir mão de insistir em um relacionamento quando não estamos preparadas não significa abrir mão do ser humano virtuoso que apareceu no nosso caminho.

Na verdade, trata-se exatamente do contrário. Quando tomamos consciência em tempo de que aquela relação poderia ser tão nociva ao ponto de matar qualquer possibilidade de manter laços entre vocês, a decisão de separação é uma questão de salvação.

Ao invés de continuar machucando e sendo machucada, decidimos preservar aquele amor que se estabeleceu para que ele possa ser possível um dia. Mesmo que através de uma amizade.

Não existem regras que ditem que se uma relação não deu certo hoje, ela não possa dar certo no futuro. Vocês podem, sim, voltarem a ter uma oportunidade de relação perfeita, desta vez com ambas prontas para amarem. Não sabemos o que o futuro nos reserva. Mas, se não acontecer, a possibilidade de amizade foi preservada.

Aceitar o “não deu” como um começo, ao invés do fim, ajuda a colocar os pedaços do coração do lugar mais rápido, pois mesmo sendo uma separação consciente, ela trará dor para ambas. Qualquer tipo de separação é dolorosa.

E lembre-se: não há nada de errado em não estar pronta para uma relação, errado é permitir que alguém fique na sua vida ou ficar na vida de alguém sendo maltratada negação.

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