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“Não é possível pensar em democracia se não erradicarmos a homofobia no Brasil”, diz Perly Cipriano

Após a abertura da I Conferência Estadual GLBT de São Paulo, o site A Capa conversou com exclusividade com Perly Cipriano, Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Confira entrevista abaixo.

O senhor disse em seu discurso de abertura que não era possível pensar em uma democracia plena no Brasil, enquanto a homofobia não estivesse erradicada. Por quê?

Porque é necessário romper todas as formas de preconceito. A questão GLBT e da homossexualidade deve ser compreendida, entendida e respeitada. O preconceito homofóbico é um dos mais complexos que temos na sociedade. Ele está enraizado na família. Uma família, por exemplo, não discrimina seus filhos por conta da cor de sua pele, mas se tem um filho gay, uma filha lésbica ou travesti, essa criança será discriminada. O preconceito se constrói, ninguém nasce preconceituoso.

Como o senhor avalia a posição do Brasil no mundo em relação aos direitos humanos, recentemente no Egito, homossexuais foram presos apenas porque eram homossexuais…

O Brasil é um país que precisa ser entendido na sua inteireza. Embora tenha muita discriminação, o Brasil é o primeiro país do mundo a convocar uma conferência GLBT, que nada mais é do que o governo, o Estado, abrindo suas portas para desenvolver demandas e fomentar políticas públicas. Além disso, é o único país conta com o programa Brasil Sem Homofobia, que está na pauta de discussão da Associação Latino Americana de Direitos Humanos. Outros países da América Latina discutem hoje como implementar um programa como o nosso.

Os países da América Latina não têm um Brasil sem homofobia, mas muitos já têm aprovado leis de união civil, como o Uruguai, por exemplo. O que o senhor acha disso?

O Brasil precisa, com humildade, aprender também com outros países. Até porque a luta contra a homofobia não é uma luta regional, trata-se de uma luta do mundo inteiro. A homossexualidade sofreu preconceito e perseguições ao longo de toda a história. Sofreu com os regimes de direita, de esquerda e até com os de centro. Mas existem homossexuais em todo o mundo, e em todas as classes sociais.

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