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“Não existe família de evangélico que não tenha gay”: diz vereador em debate à moção de Mister

Muita confusão e polêmica marcaram o debate de uma proposta de moção de congratulação ao douradense Carlos Gabriel, 21, (foto ao lado) vencedor do concurso Mister Brasil Diversidade, na Câmara Municipal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. 
 
A medida, que reconhece a vitória do mister, é de autoria da vereadora Luiza Ribeiro (PPS) e dividiu os parlamentares “laicos” e evangélicos durante a votação, aprovada por 14 votos a 6. 
 
Durante a sessão, a fala mais polêmica foi a do vereador Paulo Pedra (PDT), que votou a favor da proposta. O parlamentar justificou seu voto dizendo que seu partido é contra o preconceito e declarou que “não existe família de evangélico que não tenha um gay”. 
 
A afirmação de Pedra desagradou boa parte da bancada religiosa e até o presidente da sessão, Flávio César (PT do B). Membro e representante da Igreja Adventista do Sétimo Dia, César considerou a fala do vereador “imprópria” e ainda declarou ser contra a moção ao Mister.
 
“Sempre respeitamos o ser humano, mas representamos um segmento. Por princípios bíblicos, não aprovo isso”, afirmou.
 

Vereador Paulo Pedra e Flávio Cesar discutem na Câmara de Campo Grande
 
O presidente da sessão também ressaltou que "questões religiosas norteiam suas decisões" e que o Paulo Pedra é “preconceituoso contra evangélicos”. Ao fim do debate, o vereador pedetista afirmou que Flávio César não tinha legitimidade para ocupar a cadeira da presidência. 
 
“Ninguém tem o direito de tirar a autoridade, isso dá quebra de decoro. Vou avaliar se abro ou não um processo contra o vereador Paulo Pedra. Eu exerci meu papel”, se defendeu o vereador evangélico. 
Mister Brasil Diversidade agradece a moção
Apesar da confusão, o vencedor do Mister Brasil Diversidade 2013 agradeceu aos vereadores pelo reconhecimento de sua participação no concurso.

"Quero agradecer a todos, principalmente à vereadora Luiza Ribeiro e ao vereador Eduardo Romero, por terem dado o primeiro passo neste importante reconhecimento municipal", declarou Carlos Gabriel.

 
O Mister fez questão de ressaltar a importância de sua vitória, afirmando que hoje é o "porta-voz dos homens gays do Brasil".
"Dedico o título a todos os homens gays e bissexuais de Mato Grosso do Sul e do Brasil, para toda sociedade sul-mato-grossense e brasileiros que de alguma forma contribuem para uma vida justa e igualitária. Viver sem preconceito é o lema que acredito", pontuou.
 
Sobre a polêmica na Câmara Municipal sobre sua moção, Carlos Gabriel afirma que considera fundamental a discussão.
 
"O direito de opinar é parte necessária da democracia. Porém, não podemos usar de convicções dogmáticas para discutir questões cívicas, de direitos humanos. Todos têm o direito de crer e de não crer. Mas nenhuma crença deve influenciar o rumo da vida pública, sob pena de excluir, marginalizar e discriminar aqueles que creem diferentemente. Igualdade e justiça para todos", finalizou. 
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