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“Não foi obsceno e beijar não é crime”: Garotas expulsas vão processar Marco Feliciano

Depois de serem expulsas durante um protesto contra o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP), durante um culto em São Sebastião (SP), as garotas Yunka Mihura Montoro, de 20 anos, e Joana Arrabal Alhares Pereira, 18, pretendem processar o parlamentar, que exigiu a prisão das meninas após o casal trocar um beijo.

"A Polícia Militar que aqui está dê um jeitinho naquelas duas garotas que estão se beijando. Aquelas duas meninas têm que sair daqui algemadas. Não adianta fugir, a guarda civil está indo até aí. Isso aqui não é a casa da mãe Joana, é a casa de Deus", disse Feliciano para uma plateia de 70 mil pessoas durante o culto.

Segundo o advogado das meninas, Daniel Galani, são falas como a do deputado que incitam a violência contra homossexuais. Por isso, o caso não só será levado à Justiça como também será feito um pedido na Câmara de quebra de decoro.

"Feliciano foi preconceituoso e incitou os fiéis e os guardas contra elas. Não fizemos a queixa na hora contra ele porque, por ser deputado, o pastor tem foro privilegiado. Mas vamos processá-lo e pedir, na Câmara, que ele seja julgado por quebra de decoro. Vamos procurar também a Secretaria de Direitos Humanos do governo. Levaremos esse caso até o fim porque o aumento da violência contra os homossexuais acontece por falas como as que ele fez nesse culto", declarou Galani ao O Globo.

Joana e Yunka afirmam que participavam de um protesto contra o deputado e que havia outras pessoas se beijando no local.

"Nosso beijo não foi obsceno e nosso protesto era de poucas pessoas. Havia outros casais se beijando no meio do culto, casais heterossexuais, e não houve problema. Não fizemos barulho e guardamos os cartazes. Beijar não é crime", declarou Yunka.

A jovem disse ainda que Feliciano chegou a ofende-las e que não esperava uma reação dessa de um pastor/deputado. "Ele nos chamou de 'cachorrinhas'. Fiquei em choque, indignada. Não acreditava que aquilo estava mesmo acontecendo. Não esqueço que ele disse que nossas famílias deveriam ter vergonha 'dessas criaturas'.

As meninas disseram também que foram agredidas e arrastadas pela Guarda Civil na hora da expulsão. "Estou com o braço dolorido, o pulso inchado e com raiva. Me senti completamente humilhada, sendo arrastadas pela guarda com uma chave de braço. Estamos com marcas roxas até nas costelas", afirmou Joana.
A Prefeitura de São Sebastião informou em nota que o caso será averiguado pela ouvidoria e pela Corregedoria da Guarda Civil.
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