Um “Sex and the City” lésbico na internet. Inspiradas no famoso seriado norte-americano, as produtoras Ana Flávia Miziara e Renata Asher criaram a primeira novela on-line do país, a Net Novela.
Em sua estréia, em 2002, uma média de 2 mil usuários únicos por dia acessava a página para acompanhar as histórias de três amigas: Helena, uma estilista heterossexual; Morgana, uma jovem empresária bissexual; e Sandra, uma advogada bi. As três descobrem ao longo de suas conversas íntimas que já tiveram ou desejaram ter relações homossexuais e resolvem confessar umas para as outras os seus desejos e anseios. A relação entre elas é estável até a chegada da amante de uma delas, que surge para confrontar as emoções e opiniões de cada uma e desestabilizar a harmonia.
Segundo Ana Flávia, o roteiro da Net Novela foi construído a partir de sugestões recebidas por internautas. “Resolvemos apostar no ‘Estado Civil: Solteira’, que conta as divagações de duas amigas solteiras. Adaptamos para uma novela em capítulos voltada para a temática homossexual”, explica.
Para as idealizadoras, a idéia veio preencher um espaço que faltava na internet brasileira. “Sentíamos que o mercado on-line estava carente desse tipo de informação e gênero, principalmente, carente da necessidade de abordar o lado feminino do universo gay”, defende Ana Flávia. “O objetivo é trazer todos os públicos para este universo de forma natural, sem que se pense em ser ou não ser gay. Afastar, inclusive, até o preconceito escondido e subjetivo em segmentos pré-determinados em pensamentos como esses.”
Atualmente, a novela está em sua terceira temporada – ou 50º capítulo – e mantém a média de 500 usuários únicos por dia. As histórias continuam polêmicas e priorizam o universo feminino, mas agora têm periodicidade semanal e devem ser transformadas em HQ e, em breve, em podcast e Rádio Novela (www.radionovela.com.br).
Na opinião de Ana Flávia, essa é a oportunidade ideal para quebrar tabus e constrangimentos ao mostrar cenas de comportamentos reais. “Existe ainda uma confusão quanto ao entendimento da opção emocional-sexual com a atitude feminista. Um vive sem o outro, mas não são independentes”, opina. “Contudo, a cada dia é necessário conquistar esse público. Por isso, a Net Novela é bem abrangente, menos explícita, tende mais ao romântico e ao glamour do que para o erótico, e estamos buscando formas mais visuais e modernas para acompanhar o avanço da tecnologia na rede.”
A exemplo do sucesso de The L Word, Ana Flávia e Renata pensam em criar um diário de capítulos do seriado, com interatividade e participação dos internautas, com opiniões e sugestões. “Acredito que o mercado esteja mais aberto para receber este tipo de informação. A proposta da Net Novela é a afirmação da liberdade expressiva feminina e feminista dentro do contexto da época atual, com todas as nuances, delicadezas e sensibilidade que a envolve”, diz a produtora.
O público pode interagir com a novela, enviando sugestões da trama de cada personagem ou suas próprias experiências. Não há custos para acessar o site, cujos endereços são www.netnovela.com.br ou www.radionovela.com.br.