Pode ser que muita gente ainda não conheça o trio "Lucy and Popsonics", formado há três anos em Brasília, mas eles já tocaram em vários festivais do Brasil, como no Planeta Terra, em 2008, e também excursionaram pela Europa e pelos Estados Unidos.
O "Lucy…" é formado por Fernanda (vocal e baixo), Pil (guitarra e vocal) e pela Lucy, a bateria eletrônica, sim, ela é tratada como um terceiro integrante deste duo. Mas, não deixa de ser, não é mesmo?
Na entrevistata que você confere a seguir, Fernanda fala sobre a experiência de cantar em português em países estrangeiros – diferente de muitas novas bandas brasileiras que, aqui ou lá fora, só produzem músicas em inglês. A vocal comenta também a respeito do compartilhamento de músicas, sobre meninos e meninas que gostam de rock inglês.
Nas musicas "Garota rock inglês" e "Coração empacotado", ao que tudo indica se trata de dramas amorosos entre duas garotas. São biográficas as letras?
Mais ou menos… São coisas que vivenciamos além de algo que fantasiamos no roteiro. Nem tudo que falamos é verdade. Essas letras falam de amor. Elas podem significar coisas, momentos, pensamentos diferentes para cada um. Cada um pode tomar qualquer música para si e interpretar da forma que quiser. Eu faço isso com as músicas que gosto e acho que as pessoas devem ser livres para fazer isso sempre. Não interessa o que realmente tava na minha cabeça ou na do Pil. Cada letra tem seu humor mordaz. Sempre foi nosso intuito brincar com o que passamos. No novo disco estamos falando mais de algumas coisas que fazem parte do nosso presente. Tem um teor de melancolia, mas de uma maneira manipulada pelas nossas brincadeiras.
Vocês excursionaram pela Europa e pelos Estados Unidos com o primeiro disco "A Fábula (ou a Farsa?) de Dois Eletropandas". Como foi a recepção do trabalho de vocês por lá?
Foi bem legal. Eu achava que pelo fato de cantar em Português fosse um mega problema e, na realidade, não foi. Não fazemos parte da grande mídia em lugar nenhum, então acaba que você não tem também comprometimento com qualquer coisa da indústria. Isso foi ótimo pra gente. Para o público lá fora foi pra gente como ver Pizzicato Five ou Stereo Total. É legal e cantam em outras línguas.
Como surgiu de tocarem no exterior?
Myspace. No caso da Europa foi 100% Myspace. Lá tivemos um disco lançado e mais um contrato com uma agência de booking. Nos Estados Unidos foi Myspace e seleção para o SXSW [um dos principais festivais de música do mundo realizado nos Estados Unidos] e, consequentemente, Pop Montreal.
A Lucy é a bateria eletrônica. Já confundiram você com a Lucy ou já quiseram fazer uma entrevista com ela?
Me chamam direto de Lucy. Às vezes, o Pil retruca dizendo que ele é a Lucy em tom de brincadeira (risos). Já ocorreu mais de uma vez comparecer apenas eu e o Pil na entrevista ou para tirar foto, aí perguntam se a Lucy não vem (risos). Geralmente, essa confusão vem de pessoas que não nos conhece muito bem.
De quem você leva mais cantada, das meninas ou dos meninos?
Meninos. Eles são mais diretos. As meninas querem te conhecer antes de qualquer coisa, mas como sempre ando com o Pil elas se intimidam em cantar.
Em setembro vocês irão excursionar por São Paulo. Já pode adiantar alguns lugares que irão tocar?
Dia 04 na Funhouse e dia 11 em Sorocaba.
O novo disco de vocês, "Fred Astaire", foi produzido pelo John, do Pato Fu. Como foi trabalhar com ele?
O John é massa! Rolou interação desde o primeiro dia que entramos no estúdio dele. Não precisamos conversar muito sobre a questão do som. Nós temos influências sonoras muito próximas também. Aprendemos muito com ele. Eu o considero um dos caras mais sensacionais que já encontrei no mundo.
Como vocês se conheceram?
Nós o conhecemos em 2007, quando fizemos um show em Belo Horizonte. Ele estava no mesmo desembarque que a gente. Foi quando eu, depois de muito pensar, fui cara de pau de ir até a Fernanda e o John entregar o nosso disco. Daí todo o resto foi conseqüência do cenário que estava montado. Abrimos o show deles no Festival Recbeat, de 2008, em Recife. Depois do show, eles nos visitaram no camarim e disseram que tinham curtido nosso som. Em agosto de 2008 voltamos a Belo Horizonte e chamamos eles para tocar com a gente. Foi neste dia que acabamos conversando sobre a possibilidade de ele nos produzir.
Como você definiria o som do Lucy and Popsonics?
Sempre que me perguntam isso digo que é melhor ouvir e me dizer depois o que acham, mas se insistirem demais eu digo que é indie.
O que você acha do compartilhamento de músicas pela internet? É contra ou a favor?
Para começar, se não houvesse compartilhamento de músicas pela internet a gente não existiria ou teríamos entrado na indústria. Acho interessante democratizar a música. Obviamente, os músicos tem se dividido entre contra e a favor. Não tomo lado nenhum. O cenário é este e tem de se pensar em como trabalhar com isso. Com as gravadoras, o músico, no fim das contas, não ganhava tanto também. Hoje, eu diria que pelo menos se pode fazer música sem um gráfico de vendas na sua frente. Tenho um amigo que a banda dele foi contratada pela Universal nos Estados Unidos e os nossos discos saíram mais cedo que o primeiro dele! Acabamos fazendo mais turnês em conseqüência disso. Está mais difícil? Eu diria que sim. Tudo hoje parece estar mais difícil.
Como assim?
Eu viajei por dois continentes e realmente acredito que estamos vivendo em uma época muito difícil para todos. Os eixos estão fora de lugar completamente. Eu vejo muita insatisfação e frustração no mundo inteiro atualmente. Não estamos em uma era de ouro. Estamos vivenciando o fim de muitos paradigmas e estamos à busca de outros, em busca de uma vida melhor. Se vamos encontrá-los ainda vivos é um dilema.
O que você tem escutado no momento?
Little Dragon, Oh No Ono, Bob Marley, Bjork, Talking Heads e Yoko Ono Plastic Ono Band.
Popdollkiller – LUCY AND THE POPSONICS
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