Abusado, como o público já conhece, Ney Matogrosso, 72, está em turnê com o novo trabalho "Atento aos Sinais". O cantor conta que, mesmo depois e tanto tempo, a plateia ainda se surpreende com sua irreverência. O motivo? A caretice e o conservadorismo que estamos vivendo.
"Já era pra estarem acostumados comigo. Já sabem quem eu sou, o que eu faço. Acho que houve uma regressão no comportamento, embora, paralelamente, exista a internet, que diz que libera", comenta em entrevista ao O Dia.
O cantor falou também sobre homofobia, casamento gay e drogas. Segundo o músico, a única vez que ouviu xingamentos relacionados à sua sexualidade foi durante um show do Secos & Molhados.
"Uma vez a plateia me xingou. Eu fiz uma pose linda, eles continuaram xingando e eu mandei tomar no c… Aí a outra metade, que não estava xingando, começou a aplaudir", contou.
"Ali eu vi que não podia ter medo. Se eu tivesse medo, eles iam cair em cima. Na minha vida particular, nunca. Pelo contrário: as pessoas na rua me abraçam, falam coisas lindas. Só recebo coisas boas. Acho que as pessoas gostam de mim porque eu nunca me escondi, sempre falei abertamente sobre tudo".
Quanto ao casamento gay, Ney, como de costume, é bastante sincero em sua opinião e afirma que os homossexuais estão querendo repetir um padrão heterossexual fracassado.
"Entendo que as pessoas queiram ter a união estabilizada diante da sociedade. Mas, em última instância, acho que estão querendo repetir um formato que já não dá certo entre homem e mulher. Mais difícil ainda entre homens, porque nós, homens, nos damos o direito a tudo. O mundo nos pertence. Aí, fico imaginando que num casamento gay ou os dois são muito modernos, ou então é trauma ou hipocrisia, como é o casamento entre homem e mulher".
Para o cantor, a solução para evitar tanta hipocrisia é uma relacionamento aberto. "Tem que ser tão livre que admita que seu parceiro transe com outras pessoas. No meu tempo era assim. Era muito difícil, mas era o que a gente queria (…). Não tenho essa necessidade de me casar, mas esse foi o único modelo que me interessou", declarou.
Sobre preservar sua vida íntima, Ney afirma que não tem problemas com isso já que não demonstra carinho em público. "Eu não tenho necessidade de, com quem eu esteja, ficar me agarrando na rua, de mão dada, de selinho. Não preciso. Só assumiria algo se fosse uma paixão assim, que eu não pudesse me aguentar".
Por fim, Ney Matogrosso falou sobre o Santo Daime, o ritual que envolve bebida alucinógena, e afirmou que continua tomando, mas, sozinho, em casa. "Eventualmente tomo. Não tenho mais paciência para ficar 12 horas fazendo nada, nem cantando. Mas eu tomo uma colher, só para entrar na vibração da bebida", concluiu.