in

Nikolai Alexeyev, líder do movimento GLBT da Rússia, conversa com A Capa

Homenageado pela Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo com o prêmio Cidadania, Nikolai Alexeyev, está no Brasil para conhecer a Parada SP. Na tarde de sábado (24/05) , a reportagem do A Capa pôde entrevistar o ativista russo que tem, junto com o movimento de lá, enfrentado a igreja ortodoxa russa, os políticos homofóbicos e os grupos neo-nazistas que surgem diariamente.

Nikolai é hoje a principal resistência do movimento GLBT russo que se tem notícia. Na primeira parada, a MOCKBA PRIDE, ele e outros ativistas foram presos e acusados de causar tumulto. "No ano passado enfrentamos um pouco menos e esse ano esperamos que tenha  menos", falou o militante na entrevista sobre os ataques contrários a parada russa. Sobre o evento de São Paulo revelou não conseguir imaginar três milhões de pessoas, "mas creio que será uma manifestação colorida". Alexeyev contou que, por ainda estarem no início do processo deles, hoje o principal objetivo é "conquistar o direito de ser e de se expressar".

Nós aqui no Brasil sabemos que vocês enfrentam muita repressão na Rússia por conta da religião ortodoxa e dos políticos. Gostaria que você falasse um pouco sobre a situação.
A parada de Moscou enfrenta vários problemas: 1º o prefeito de Moscou está lá a dezesseis anos e ele é extremamente homofóbico, ele odeia a parada gay e tem tentado barrar os direitos constitucionais e a manifestação de livre expressão. A parada de Moscou teve de entrar na Suprema Corte da Europa para poder se expressar no primeiro ano. Agora será a terceira na semana que vem, então, na primeira parada enfrentamos muitos protestos da população e dos políticos, já na segunda enfrentamos menos e na terceira esperamos que tenha um pouco menos. As pessoas vão se acostumando. Porém, a oposição da prefeitura é forte, e da igreja, que é ortodoxa, também é muito forte, eles consideram a homossexualidade um pecado, por isso tem pregado que os homossexuais são um bando de pecaminosos. Outros são grupos neo-nazistas que estão se formando pela Rússia.

Você ou outras pessoas envolvidas na luta já sofreram ameaças de morte, ou agressão física?
O que nós sofremos mais não são ameaças individuais, mas sim contra o evento, contra a manifestação e contra os direitos GLBT. As pessoas tem uma ojeriza por isso, então não há ação contra o indivíduo e sim contra as atividades.

Como acontecem os encontros entre os homossexuais pela Rússia?
Moscou e São Petersburgo são grandes cidades, então lá tem vida noturna, clubes e saunas voltadas para o público gay, claro que não tanto como São Paulo ou Nova Iorque. Agora, nas outras cidades da Rússia é mais difícil, nos poucos locais que existem para convivência há aquela história da polícia invadir o lugar, prender as pessoas… Por conta disso eles fazem muitos encontros pela internet.

Com tal realidade, como é para você saber que existe uma parada como a de São Paulo onde 3,5 milhões de pessoas são esperadas?
Para ser honesto eu não consigo imaginar, estou esperando por amanhã para ver como é. Eu tento imaginar, mas creio que será uma manifestação muito colorida e cheia de gente feliz. Eu acredito também que não é apenas o carnaval, mas é também uma manifestação política, uma luta pelo seu direito de existir, amar e ser. Mas, eu espero também que as pessoas lembrem que, enquanto aqui eles conseguem fazer isso, em muitos lugares do mundo não é permitido e as pessoas não têm o direito de se manifestarem livremente pelas ruas.

Você é otimista quanto ao futuro político e social da comunidade Russa?
Nós estamos no início do processo, a nossa caminhada tem apenas três anos. O primeiro passo que buscamos é que tenhamos o direito reconhecido de podermos existir como pessoas. A partir do momento em que conseguirmos o nosso respeito e que ganhemos na constituição o direito de nos manifestarmos, as outras mensagens serão transmitidas. Mas, o nosso primeiro passo é conquistar o direito de se expressar.

Caminhada Lésbica reúne 4 mil, segundo organizadoras

Trio da Visibilidade Lésbica passa em frente ao Masp