Oswaldo Barba (PT), prefeito de São Carlos, no interior de São Paulo, esteve presente hoje, sexta-feira (02/07), na abertura do 4º Encontro Paulista LGBT, que acontece até o próximo sábado (03/07) na cidade. Muito simpático, ele concedeu uma entrevista exclusiva para o A Capa.
A gestão de Barba tem sido marcada pelo forte apoio às atividades LGBT. A Prefeitura apoiou a primeira edição da Parada Gay; aprovou a lei municipal antidiscriminação; criou o Dia Municipal de Combate à Homofobia; e deu suporte para que o encontro gay paulista fosse realizado, assim como também está apoiando oficialmente a segunda edição da Parada.
Na entrevista a seguir, Oswaldo Barba afirma não ter medo de perder votos por apoiar a questão gay. Revelou também acreditar que a população de São Carlos, em sua maioria, apoia a luta contra a discriminação aos homossexuais. Como ex-reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), criticou Marina Silva por apoiar o ensino do criacionismo porque, para o prefeito, a "educação deve ser laica e não deve se misturar com religião".
Por que apoiar as questões LGBT?
Porque é um direito do cidadão ter as suas opções e a gente tem que respeitar a diversidade. Isso é uma característica da cidade de São Carlos. Desde a gestão anterior [Nilton Lima], viemos construindo a questão da cidadania. E cada vez mais a cidade de São Carlos vem se caracterizando por esse respeito.
Como o seu eleitorado reage a isso?
Eu confio muito na cidade de São Carlos, é muito avançada. Por exemplo: no ano passado nós tivemos a primeira Parada e foi um sucesso. Só escutei elogios, foi um evento que marcou a cidade pela alegria e pela mensagem que passou. Portanto, a nossa cidade também se caracteriza pela luta contra a homofobia.
O que você achou das faixas protestando contra a realização da Parada Gay?
Isso foi um ataque ao meu partido (PT), mas nós sabemos que isso é uma minoria [contrária à Parada Gay] e obviamente respeitamos a opinião deles, mas não é a opinião geral da cidade. A população de São Carlos respeita muito a luta das pessoas pelos seus direitos.
Enquanto prefeito, como você acha que é possível diminuir a homofobia?
Fazendo trabalhos de conscientização, abrindo espaços para a discussão e participação das pessoas. Nós temos dentro da Prefeitura, dentro da secretaria de Cidadania, um setor que trabalha com as diferenças e as minorias.
Você teme perder votos por apoiar abertamente a questão gay?
Não me preocupo e nem temo isso. Como já disse, a cidade de São Carlos vem amadurecendo, aqui é uma cidade universitária e por conta disso tem um grau cultural elevado… Mas, isso [direitos gays], é um direito que as pessoas têm, assim como qualquer cidadão tem os seus direitos assegurados. A opção sexual é de cada um. Portanto, a cidade não vê isso como um problema. E justamente quando abraça essa luta, tenta ajudar para que isso seja, inclusive, resolvido no âmbito nacional.
Qual é a sua opinião a respeito dos parlamentares que usam a Bíblia para atacar os direitos LGBT?
Eu respeito a opinião de todos, mas essa não é a minha. Não concordo com essa postura deles. Isso representa uma certa intolerância e é nesse sentido que nós estamos trabalhando: permitir que todos possam ter os seus direitos respeitados.
Você considera o meio parlamentar muito homofóbico?
Não. Sou muito amigo da Iara Bernardi (ex-deputada federal e autora do PLC 122), acompanhei muito o trabalho dela no Congresso em função da defesa das pessoas LGBT e, claro, o Congresso representa a sociedade como um todo, então você vai encontrar de tudo: os favoráveis e os contrários. Mas tenho percebido um aumento do respeito à diversidade sexual.
O que você acha da Marina Silva, candidata à presidência da República pelo Partido Verde, ser a favor do criacionismo nas escolas?
Eu não concordo. Olha, sou um cientista, um pesquisador, portanto, não acho que é por aí. A educação é algo laico e não pode ser misturada com religião. Para mim, essa postura dela é equivocada.
Você é ex-reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Como você vê esses casos de homofobia que aconteceram na USP (Universidade São Paulo), na Federal de Minas Gerais e, recentemente, o caso do jornal do curso de química da USP, que dizia que quem "atacasse merda num viado ia ganhar um prêmio"?
Isso é uma distorção. São grupos minoritários que são como os neonazistas e outros que são intolerantes e que acham que a opinião deles é a verdade sobre tudo… Não acredito nisso e repudio.