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Nossas gatas

Elza hoje é só minha. Costumava ser minha e da Lu, aquela vaca.
Mas hoje é só minha.

Elza veio pra casa com 15 dias, praticamente uma recém-nascida, desgarrada da mãe por motivos de força lésbica maior. E agora, com 1 ano e meio, ainda é um bêbe que eu vou cuidar para sempre, sozinha, sem dividir com nenhuma mulher louca que venha aparecer pelos cantos do meu quarto, sala e cozinha.

A história da Elza começou com a avó dela, a Sal, que era da Martinha e da Gabs. Era, porque a coitadinha morreu, e também porque o casal já se separou: a Martinha foi morar bem longe numa cidade de nome impronunciável da Áustria, e a Gabs está casadíssima com a Jana, na mesma casa de vila que morava a Sal outrora.

A Sal foi um daqueles achados inesperáveis no meio da rua. Estava ela lá tadinha, estropiada, recém-atropelada decerto por algum homem ou loira desorientada. Foi encontrada – e salva! – pelo casal de dykes, que fazia um cooper nada habitual, num dia raríssimo cheio de ânimo para esportes. Levaram a gata (ainda sem nome) para a veterinária mais fofa do bairro. Deram vacinas, remédios, ajeitaram os ossinhos. Deram ração, mimos e um nome à bichana: SALVA. E ela sobreviveu.

Passou 1 ano e Salva já tinha forças para pular o muro, e mais ainda para agüentar os machos na sua lombar. Dois meses depois nascia a Bege, destinada à Andressa, solteirona convicta – até conhecer a Lu. A Andressa foi a 1ª namorada da Gabs, já tinha ficado também com a Jana, ficou uma vez comigo numa daquelas noites de amnésia, e estava à toa na vida quando em 5 dias conheceu, flertou, jantou, comeu, dormiu, comeu, deitou e casou com a Lu, aquela vaca. (E a Bege sempre ali do lado, acompanhando toda a movimentação da dona.)

Foram morar numa kit. E por um bom período foram felizes, as três (Andressa, Lu e Bege).
Depois entraram numa fase de conflitos, discussões, ciúmes, perseguições e nesse meio tempo não-se-sabe-como-nem-de-quem-até-hoje, a Bege engravidou.
E nesse meio tempo, eu conheci a Lu, aquela vaca. E batata, nos apaixonamos.

Elza nasceu poucos minutos depois que Andressa se dirigiu à Lu, já na porta da kit: “volto daqui 2 semanas para pegar a Bege. É tempo suficiente pra você arrumar suas coisas”.

Dali 15 dias eu ganhava Elza, e a “mãe de criação” junto, aquela vaca.
Mas o paraíso teve seus dias contados. Em 14 meses perdi a Lu para uma outra cheia de “filhos” persas e angorás. Cheia de pelos devia ser a infeliz.

Bem, pouco importa. Já tenho Elza ao meu lado, não preciso de ninguém, nem de outra vaca.

Depois de amanhã chega a Martinha, da Áustria. Vem passar uns dias aqui no Brasil, vai ficar em casa, quer conhecer a neta da Sal. A Cris Maia, uma amiga em comum, disse que a Martinha está ótima, super diferente de quando saiu daqui, cheia de olheiras.
Disse que está gata.
E eu bem espero que ela esteja no cio.

http://sapacity.wordpress.com

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