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“Nosso foco é a identidade social das trans na saúde”, diz Dimitri Sales, da CADS estadual

O nome Dimitri Salles começou a ganhar notoriedade por seu trabalho de assessoria jurídica a pessoas vítimas de homofobia na Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual no município de São Paulo. Com base na lei estadual anti-homofobia (a 10.948/01), importante vitórias foram conquistadas. Entre elas a de Justo Favaretto Neto, que teve ampla repercussão na grande mídia e duas contra a rede de mercado Carrefour. "Hoje algumas lojas do mercado vão dar curso de capacitação aos seus funcionários", alegra-se Dimitri.

"Ter ajudado na luta contra homofobia é uma das coisas que mais tenho orgulho", disse Dimitri à reportagem do A Capa na tarde de ontem. Hoje, o advogado toma posse às 15h na Secretaria da Justiça como o Coordenador da Coordenação de Políticas para da Diversidade Sexual do Estado de São Paulo. Outro fato que o orgulha bastante foi ter "ajudado a um grupo de trans a escrever a ata de sua ONG". Antes de migrar para o novo cargo, Dimitri entregou a presidência do Conselho Municipal de Atenção a Diversidade em meio a uma polêmica eleição.

A tônica da referida votação se deu entre acusações de que havia uma interferência do poder público em preferir a candidata e ativista lésbica Irina Bacci. Dimitri nega e afirma que "quatro dos cinco conselheiros [do poder excutivo] foram à reunião sem voto definido". Sobre uma ingerência da prefeitura em torno dos votos o coordenador da CADS estadual, reforça a independência dos votantes e teoriza ao dizer que é "legítimo o poder público ter o seu projeto e a sociedade o seu". Em sua opinião, o caminho ideal nas políticas públicas é ambos os setores trocarem experiências e necessidades. "É preciso que o governo dialogue com a sociedade civil e vice-versa".

Eleição superada, a conversa se foca nos caminhos a serem traçados pela Coordenação. Dimitri revela que parte das primeiras ações será tomada com base nas diretrizes aprovadas na Conferência Estadual GLBT, que foi realizada em 2008 na Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP). Entre as cidades que já de cara serão atendidas, o coordenador elenca três: "Catanduva, Campinas e principalmente Carapicuíba", onde um trabalho em conjunto, se convocado, com a Secretaria de Segurança será realizado.

O advogado revela que algumas pessoas atuarão como "braços" da Coordenação para identificar as demandas sociais da população LGBT. Entre elas, o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente, Fernando Teixera, Marisa Fernandes e Marcos Fernandes. Os dois últimos são ativistas conhecidos do movimento gay. Dimitri acredita que a Coordenação começa "bem". Além das pessoas citadas, irão compor a Coordenação a psicóloga Débora Malheiros, do Programa Municipal DST/Aids e mais dois funcionários remanejados da estrutura governamental.

Segundo Dimitri, o orçamento do órgão está vinculado ao orçamento da Secretaria de Justiça. "Trabalharemos para que em 2010 tenhamos orçamento próprio", revela. Como o nome já diz, o trabalho da já apelidada "CADS estadual" tem por objetivo aplicar políticas à diversidade sexual em todo território paulista. Sobre essa atuação Dimitri é muito sincero ao dizer que "não podemos ficar restritos a capital, como também não podemos acreditar que a homofobia agora vai acabar em São Paulo".  

Indagado se a nova coordenação estadual não corre o risco de ficar presa à capital, assim como ocorre em muitos casos com a DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância). Dimitri diz que não e explica: "No caso da DECRADI é uma questão territorial, quando acionados pela secretaria de Segurança, eles atuam". Em relação à coordenação, Dimitri afirma que os membros do novo órgão "têm muito claro" que o trabalho se dará no Estado e nas estruturas das Secretarias do governo estadual.

A um ano da eleição presidencial seria oportunista e eleitoreira a criação da coordenação nesse momento? "Esse discurso é muito pobre. Então se no ano que vem a Dilma Roussef for à Conferência Nacional LGBT será oportunismo? O Lula quando decretou a conferência GLBT, foi oportunista? Eu acredito que não". Sobre essa demanda no poder público, ele diz que "há um acúmulo de forças da sociedade civil e dos governos que fez isso acontecer".

Para esse primeiro mandato, Dimitri revela que os objetivos da equipe são "conseguir a identidade social das trans na saúde e que os LGBTs se sintam mais respeitados, verdadeiramente representados e que se vejam com dignidade. Também é fortalecer a divulgação da lei 10.948/01 (que pune a discriminação por orientação sexual no Estado) ". Além disso, o representante da "CADS estadual" acredita no fato de sua posse já ser um passo importante. "Vamos empossar hoje um gay e eu acredito que isso faz diferença em termos de representatividade".

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