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Nova geração gay: A invasão da cultura pop arrebanha jovens para a internet e para as pistas

Qualquer jovem que vive em uma cidade de médio porte sabe o que é rede social. Elas fazem mais parte do cotidiano deles do que de qualquer outro grupo de pessoas, isso porque já nasceram conectados e o uso da internet foi um hábito aprendido tão naturalmente como andar, falar e se comunicar. É na internet o lugar onde eles mais buscam informações.

Morador da cidade de Anápolis, em Goiás, Júlio, de 16 anos, é frequentador assíduo das redes sociais. "Meu twitter é a forma que mais converso com meus amigos, falo de tudo com eles, até sobre o que acontece na minha casa", conta o rapaz que tem sua conta desde 2010, mas a mantém pública apenas para amigos, pois "a minha mãe não sabe que eu sou gay", comenta.

É através, principalmente do Twitter, que Júlio conhece sobre novas músicas de suas cantoras favoritas. Britney e Lady Gaga. "Eu acompanho tudo que elas fazem, ouço as músicas e sempre que têm novos clipes eu compartilho por lá com meus colegas. Eu tenho 187 seguidores e boa parte deles gostam delas, então quando eu posto todo mundo gosta", afirma.

Ainda sem idade para frequentar a noite, jovens como Júlio se refugiam em outros espaços para conviver com seus amigos. "Geralmente ficamos muito na escola conversando, é o principal lugar em que encontro meus amigos, mas também nos encontramos uns na casa dos outros, mas não é sempre", completa.

Já Thiago, que mora no Rio de Janeiro e tem 16 anos, prefere a praia para estar com os amigos. "Ah, sempre estamos aqui perto de casa [no Leblon]. Vamos tomar suco em algum lugar, conversamos e azaramos também", conta ele que conheceu seu ex-namorado, "um namorinho rápido de três meses" pelo Facebook.

"Um dia ele curtiu um post meu sobre Glee, eu nem lembrava que ele era meu amigo lá, achei ele bonitinho e dei uma 'cutucada' nele, ele respondeu e começamos a conversar e notamos que temos muita coisa em comum, principalmente a paixão pelo Glee, às vezes ficávamos três, quatro horas só falando disso. É, não era só falando disso também", confessa.

Séries como Glee têm um apelo muito forte com o público jovem e isso também se reflete em como eles se comportam. O seriado fala a língua deles, toca as músicas que eles estão ouvindo e também trata de temas cotidianos. É tão famoso entre eles que a festa brasiliense Let's Club, que tem um público jovem, entupiu quando fizeram uma edição baseada em Glee.

Mas os jovens não estão só na internet, eles também possuem um espaço na noite, assim como na festa Let's Club, que acontece todas às sextas-feiras em Brasília. A pista fica lotada com garotos e garotas de 18, 20 anos. Que fervem e dançam até o chão.

Em São Paulo a festa Vexame, comandada pelos produtores Claudio Nanti e Luiz Netto, também costuma arrebanhar muita gente que acabou de sair da adolescência. Essas festas trazem para as pistas esses elementos do cotidiano deles.

"Eu já fui em algumas festas, mas o ambiente fechado me irrita um pouco, eu prefiro estar com meus amigos em outros lugares, tipo em alguma festa que não seja numa boate", completa Thiago.

Sobre suas músicas prediletas, ele é categórico ao dizer que Lady Gaga é a melhor do mundo, apesar de gostar muito da Ke$ha também. "Se eu pudesse não tenho dúvidas que iria em um show da Gaga, ela é muito boa, suas maquiagens e roupas ninguém faz melhor", diz o jovem carioca.

"Quando eu tinha dezoito anos, saía de quarta a domingo, eu tinha que estar lá para encontrar meus amigos, para conhecer alguém, para namorar, mas hoje eu não tenho mais esse pique, prefiro outros programas", conta Alan Araújo, de 28 anos.

"Eu ia muito ao Ipsis, Club Z e Bar da Grá, foi na noite e também na internet que conheci grandes amigos que tenho até hoje, mas essas boates nem existem mais, é de outra época", diz Alan, fazendo um paralelo com a realidade vivida hoje pelos jovens que se relacionam e namoram fora do gueto.

*Matéria originalmente publicada na edição #55 da revista A Capa

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